sábado, 26 de dezembro de 2009

O CATÁLOGO DE MESSIER - ainda M1

E porque falei um pouco da Nebulosa do Caranguejo no post anterior, continuo neste tema.

Ainda não a observei pessoalmente, mas está claramente nos meus planos procurá-la no céu nocturno.

Pensa-se que o seu nome foi atribuído pela primeira vez por Lorde Rosse ( 1800 - 1867 ), um riquíssimo astrónomo inglês que construiu o maior telescópio do mundo na sua época, localizado no Castelo Birr na Irlanda. Ao detectar a estrutura filamentar da nebulosa em 1844, disse que os filamentos que se estendiam a partir da Nebulosa pareciam as pernas de um caranguejo.

Contudo, a Nebulosa do Caranguejo foi descoberta em 1831 por John Bevis e, mais tarde, foi novamente observada por Charles Messier quando procurava o Cometa Halley, na primeira vez que se previa a sua re-aparição. Ao detectar que não tinha movimento, Messier percebeu que não tinha encontrado o Cometa e decidiu fazer o catálogo de objectos celestes que o celebrizou, para não haver mais confusões futuras, como eu referi no post inicial sobre este tema.

Por isso, este objecto é o primeiro do seu catálogo, M1.

Estudos mais recentes demonstram que esta nebulosa é a remanescente da tremenda explosão de uma estrela, como uma supernova que se tornou visível a olho nu durante o ano de 1054 dC e foi registada por astrónomos chineses. Como eles lhe chamaram, foi uma "Estrela convidada". Foi uma das poucas supernovas visíveis de toda a nossa galáxia!

Foi cerca de 4 vezes mais brilhante que Vénus e, segundo os registos, foi visível à luz do dia durante 23 dias, e durante 653 à noite, a olho nu. Há registos dos Índios Anasazi acerca desta explosão de supernova, a Estrela convidada.




A sua magnitude de 8,4 não torna fácil a sua localização aos astrónomos amadores como tenho a pretensão de me considerar, mas para os experientes não deve ser difícil. Contudo, penso que conseguirei se souber bem a sua localização, junto ao "corno" mais austral da constelação de Touro, próximo da Estrela Zeta Tauri. Mas isso são cenas para os próximos capítulos...

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O CATÁLOGO DE MESSIER - M1

Estou sem tempo para actualizar o blogue com frequência, mas deixo hoje a imagem do primeiro objecto do Catálogo de Messier.

Eis M1, a Nebulosa do Caranguejo (Crab Nebula).

Primeiro, tal como é vista de um telescópio não muito grande, depois em grande detalhe. Falarei sobre ela um pouco mais à frente.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O CATÁLOGO DE MESSIER

Hoje falo do Catálogo de Messier.

Basicamente, é uma listagem de objectos interessantes para serem observados, mas não foi com essa intenção que essa lista foi criada. A intenção do astrónomo francês Charles Messier foi compilar num único catálogo vários objectos difusos que poderiam ser confundidos com cometas, e poderiam, por isso, baralhar as observações feitas por outros astrónomos, porque os instrumentos da altura eram bastante limitados. Segundo o próprio:

"O que me motivou a elaborar o catálogo foi a nebulosa que eu descobri logo acima do "chifre" mais austral da constelação de Taurus (o Touro) em 12 de setembro de 1758, enquanto procurava observar o cometa daquele ano... Esta nebulosa tinha uma tal semelhança a um cometa, em sua forma e brilho, que procurei esforçar-me para achar outras, de modo que os astrónomos não confundissem estas mesmas nebulosas com cometas que estivessem a começar a brilhar. Posteriormente, realizei observações com telescópios refractores apropriados para a busca de cometas, e este é o propósito que tive ao montar o catálogo... "

Certo é que Messier compilou uma lista de 110 objectos difusos entre os anos de 1758 e 1782, com nebulosas, galáxias e aglomerados, que se afiguram como óptimos alvos de observação e estudo por parte de astrónomos amadores e profissionais.
Aqui está uma imagem dos objectos que fazem parte dos 110 listados por Messier.


Nos próximos posts vou falar um pouco da lista e dos dados que ela fornece, bem como de algumas suas particularidades.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

AINDA O EQUINÓCIO

Hoje volto ao equinócio de Saturno, para colocar um vídeo muito explicativo e informativo sobre o assunto...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

CAMINHADA ASTRONÓMICA - NEBULOSA DO ANEL

Naquela noite, é verdade que obtive algumas vitórias nas minhas observações, mas a maior delas todas foi descobrir a Nebulosa do Anel, M57 do catálogo de Messier.

Não a observei com pormenor, não a estudei, não analisei as suas características... a minha vitória foi encontrá-la! Foi o objecto com menor magnitude visual aparente (9,0) que já procurei e observei. E consegui-o sem star pointer, apenas sabendo a sua localização, conseguindo distingui-la das Estrelas.
Para tal, utilizei a técnica do star hopping. Depois de apontar a Vega, tinha de encontrar aquela espécie de quadrilátero que caracteriza a constelação da Lira. Depois de ver as 2 Estrelas mais próximas de Vega, tinha de procurar as outras duas, Gamma e Beta Lirae. M57 estaria entre elas.


Assim fiz. Procurei e passado pouco tempo consegui encontrar algo diferente, que não me parecia uma Estrela pois tinha um aspecto mais difuso. O varrimento teve de ser lento, senão o risco de não apanhar a Nebulosa do Anel seria enorme. Foquei e desfoquei o telescópio, notei os efeitos nas Estrelas, mas não naquele ponto que só depois vim a confirmar que era o meu alvo.

Esta foto em cima é bastante semelhante à imagem que vi, com a ligeira diferença de ter visto M57 ainda mais pequeno, o que tornou a minha vitória ainda maior. Por conhecimento de localização e sentido de orientação achei algo tão difícil para um observador inexperiente, e sem ajudas técnicas.

Em traços muito gerais, esta nebulosa planetária é o resultado da morte de uma Estrela que ficou sem hidrogénio como combustível, e atinge um novo equilíbrio que lhe permite continuar a arder. A cor azul-verde resulta da ionização do oxigénio e a cor avermelhada resulta da emissão de hidrogénio e da ionização do nitrogénio.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

CAMINHADA ASTRONÓMICA - NEBULOSA DE ORION

M42 é o nome "para os amigos" da Nebulosa de Orion.
Situada junto da espada do caçador, a Grande Nebulosa de Orion, como também é conhecida, é um dos objectos mais fotografados do céu.

Esperei até cerca das 4h30 para poder observar esta maravilha do céu nocturno com o meu telescópio. Orion nasceu pouco antes e eu reservava a esperança de ainda poder vê-la!
A olho nu é possível ver uma mancha difusa, mas isso só é possível se soubermos exactamente para onde olhar, em noites sem Lua.

É fantástico pensarmos que estamos a olhar para um berçário estelar, onde as Estrelas estão a nascer, e que está a cerca de 1350 anos-luz de nós. Foram lá detectados discos protoplanetários, anãs castanhas, entre outros aspectos curiosos, o que faz da Nebulosa de Orion um alvo de estudo muito apetecível.

M42 alberga em si um enxame aberto visível, o Trapézio, composto por Estrelas jovens, bem como é o local onde mora a Nebulosa Cabeça de Cavalo e a Nebulosa da Chama.

É possível que de lá tenham saído Estrelas que actualmente estão na constelação de Auriga, Pomba e Carneiro, e se afastam da Nebulosa de Orion a velocidades superiores a 100km/s!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

CAMINHADA ASTRONÓMICA - NEBULOSA DO VÉU

Ando com pouco tempo para actualizar o blogue e detesto não o ter actualizado.

Hoje o post é curto, e fica a promessa de nova actualização muito em breve.

Deixo uma imagem da Nebulosa do Véu. Não a vi do meu telescópio, mas não é por isso que deixa de ser deslumbrante.

A Nebulosa do Véu está localizada na constelação de Cisne e é o que resta da explosão de uma supernova, ocorrida a 5000 a 8000 anos, a uma distância de cerca de 1400 a 2600 anos-luz.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

M31 - STAR HOPPING

A saber: há Andrómeda constelação e Andrómeda galáxia. A galáxia (também conhecida por M31) fica situada na constelação de Andrómeda.

Começo por dizer que não é fácil encontrar a constelação de Andrómeda se não tivermos um mínimo de experiência de observação do céu nocturno.

Há duas formas mas fáceis de lá chegar: encontrando primeiro Pégaso ou Cassiopeia. Pode ser bom procurar Cassiopeia nos céus a Norte (o "W" na figura de baixo, no topo da imagem) para termos uma noção mais exacta da região onde nos encontramos... Mas hoje só quero dar uma noção do que é o star hopping, por isso vou concentrar-me nisso.
Eu prefiro partir de Pégaso, mais propriamente do Grande Quadrado de Pégaso.
  1. O vértice do quadrado mais próximo de Cassiopeia é a Estrela Alpheratz, que na verdade, embora pertença ao Quadrado de Pégaso, é a Estrela mais brilhante de Andrómeda (Alfa Andromedae).
  2. Na direcção de Cassiopeia vai ser possível distinguir uma fila de Estrelas, em que Mirach é a segunda, e Almach (ou Almaak) é a terceira. Isto considerando que estamos numa cidade, porque numa zona completamente escura vão aparecer-nos mais Estrelas.
  3. Saltamos para Mirach. Na direcção de Schedar, em Cassiopeia, temos uma Estrela em linha com Mirach.
  4. A partir dessa Estrela, vamos ter outra relativamente próxima (no Verão, vai estar a Este, em cima e à esquerda...)
  5. A galáxia Andrómeda vai estar ali bem pertinho, e em noites muito escuras temos um vislumbre da nossa galáxia vizinha a olho nu!

Vamos imaginar que ainda estamos no ponto 3 que referi em cima, na Estrela que está em linha com Mirach. Podemos considerar que essa Estrela é o ponto médio entre Mirach e o nosso alvo, a M31.

Alguém consegue ver, na figura em baixo, onde está Mirach e M31?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

CAMINHADA ASTRONÓMICA - M28 e M31

Sagitário é uma constelação riquíssima. Vale a pena planear uma incursão pelas suas maravilhas, mas nesta noite (aliás, como em todo o Verão), não o fiz. E tenho feito mal...

Mas nesta noite apontei a Sagitário e procurei algo de uma forma semi-aleatória, ou seja, sabendo que iria encontrar algo, não sabia necessariamente o quê. Ou melhor, sabia a localização de alguns objectos dignos de uma boa observação mas não sabia quais. Estupidez minha, porque aquela zona do céu bem que merece um estudo mais aprofundado da minha parte.

Apontei o telescópio a Kaus Borealis e não precisei de o mexer muito para chegar a M28, um aglomerado globular interessante, mas visível com pouco detalhe do meu 70mm.
M28 tem a particularidade de conter no seu interior um pulsar de um milisegundo de período de rotação. Basicamente, um pulsar é uma Estrela que gira muito rapidamente em torno do seu eixo.
Depois virei o telescópio de Sul para Este, onde Andrómeda (M31) brilhava timidamente na constelação com o mesmo nome. Em noites muito escuras e quando a vista está habituada à ausência de luz, é possível ver a pequena mancha, débil e difusa, da nossa Galáxia vizinha. É fascinante pensar que a luz que vemos saiu de lá há cerca dois milhões e meio de anos, e está mesmo aqui ao lado...
Esta foto reflecte o que é possível ver a partir de um telescópio. Vê-se perfeitamente o centro desta Galáxia em espiral, e tem-se umas nuances dos seus braços.
Andrómeda é um bom exemplo de como o star hopping é uma técnica extremamente útil para observação de alguns objectos. Resumidamente, o star hopping é um saltitar de Estrela em Estrela, por forma a mais facilmente atingirmos o nosso objectivo.
O meu próximo post será sobre o "meu" star hopping para Andrómeda.

domingo, 25 de outubro de 2009

CAMINHADA ASTRONÓMICA - ALBIREO

Após uma breve procura da M13, que fracassou, mas não me preocupou muito porque já a tinha visto algumas vezes e eu queria aproveitar a qualidade da noite para outros alvos, decidi que tinha de ver Albireo.

Já por 3 vezes tinha tentado sem nunca conseguir, ou porque havia neblina a dificultar-me a vida, ou porque estava a apontar mal, o que fosse. Mas naquela noite eu estava particularmente inspirado e com pontaria, além de que tinha estudado a lição antes da aula e sabia exactamente como procurar o que queria. Não demorei muito a encontrar a imagem fabulosa de Albireo, uma belíssima Estrela dupla, que 99,99% das pessoas não sabem identificar, mas que é dos mais graciosos espectáculos a que os nossos olhos podem assistir.

A imagem em cima mostra o esplendor desta Estrela, que, ao olhar para o céu, não passa de mais um pontinho branco, e nem sequer é dos mais brilhantes.
"Entalada" no meio do Triângulo de Verão, a meio caminho entre Vega e Altair, e na outra ponta do Cisne relativamente a Deneb, Albireo é a Estrela do Bico do Cisne.

Albireo é um binário, porque as duas Estrelas que vemos em cima giram em torno uma da outra, mas na verdade, uma das componentes de Albireo é, ela própria, uma Estrela dupla, que forma um binário espectroscópico (grosso modo, é um binário em que ambas as Estrelas estão visualmente demasiado próximas). Mas a maioria dos telescópios só detecta estas duas componentes. As cores estão relacionadas com diferentes temperaturas de ambas.
Vê-las é um espectáculo deslumbrante.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

CAMINHADA ASTRONÓMICA - MARTE e VÉNUS

Assim que chegámos ao local de observação deixámos os telescópios montados, antes do jantar.

Quando voltei para junto do meu bichinho, comecei, como de costume, por focá-lo, apontando a Júpiter. Não sei porquê, gosto de começar sempre por Júpiter. É verdade que aponto sempre primeiro para lá para focar mais facilmente, mas dá-me verdadeiro prazer observá-lo um pouco, as suas bandas vermelhas, as suas inseparáveis Luas Galileanas Io, Calisto, Europa e Ganimedes. E ao longo da noite, gosto de passar por lá e notar o harmonioso movimento das luas em torno de si. É maravilhoso...

Mas hoje vou dar um salto temporal e falar do fim da noite. Marte e Vénus iam nascer perto das 4h da manhã e fiz questão de esperar por eles. Queria vê-los ao telescópio. É um facto que não esperava ver grandes mudanças em relação ao que vejo a olho nu, mas mesmo assim queria passar por essa experiência.
De Marte esperava ver uma bolinha vermelha ligeiramente maior que o normal e de Vénus nada de diferente. Queria apenas confirmar que a olho nu é mais espectacular que vendo a partir de um telescópio, porque aquele espesso manto de nuvens não deveriam permitir grandes espreitadelas.

Marte foi o esperado. Nada de novo. O que vi no meu 70mm foi semelhante ao que vi num canhão que estava ao lado do meu. Marte foi apenas uma bolinha vermelha, que carrega consigo o misticismo e a força de ser aquilo que ele é:Marte! Marte não é um simples Planeta, é MARTE! O Senhor da Guerra, o senhor dos sonhos e divagações dos Homens...

Marte visto ao telescópio

Quanto a Vénus, esse sim, revelou-se uma agradabilíssima surpresa. Não pelo Planeta em si, mas pela imagem que a luz proporcionou. Exibiu uma luz verde e laranja, claramente separada uma da outra, graças ao efeito da refracção da luz. Talvez tenha acontecido por Vénus estar ainda muito baixo no horizonte, não sei e é algo que tenho de confirmar. Seja como for, fiquei maravilhado com aquela visão.

Aqui, Vénus em conjunção com Mercúrio

Cada vez mais a Física e a Óptica me apaixonam com estas suas demonstrações de beleza...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

VORSAT

Este é um projecto no qual estou envolvido há algum tempo.

É um projecto da FEUP, que visa a construção de um satélite. Terá dimensões reduzidas (um cubo de aproximadamente 10cm de aresta) e servirá de teste para algumas tecnologias que pretendemos implementar.

Não vou pôr-me com explicações técnicas acerca do projecto, porque para isso existe o nosso site, que podem aceder através do link:

http://www.vorsat.org/

Estamos particularmente empenhados neste projecto e gostávamos de contar com o vosso apoio. Sigam as nossas actividades através da nossa newsletter ou do Twitter, pois assim estarão também a acompanhar um projecto pioneiro em Portugal.
Visitem-nos e divulguem o nosso site.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

CAMINHADA ASTRONÓMICA

Há pouco mais de 1 mês, ocorreu em Figueira de Castelo Rodrigo uma acção de observação nocturna, na sequência do programa Astronomia no Verão.

Estive presente, e não pude deixar de contemplar quão maravilhoso o céu estava nessa noite, pejado de Estrelas, com Júpiter a marcar a sua presença de forma incontornável e a Via Láctea como pano de fundo de um dos mais belos espectáculos que podemos presenciar: uma noite estrelada.

À medida que a nossa vista se adapta ao escuro, as Estrelas parece que nascem, e os pontinhos brilhantes, resplandecentes de energia, surgem vindos do nada, como se nos viessem cumprimentar e decidissem ficar a acompanhar a nossa noite. E são ciumentos! Se olharmos para outra luz, a do portátil, por exemplo, eles desaparecem durante uns momentos se olharmos para cima. Depois voltam a aparecer...

Deixo aqui uma foto da Via Láctea, para delícia do felizardo que cá vier ver. Ainda assim, nada como vê-La ao vivo!
Nos meus próximos posts, vou falar um pouco da minha experiência dessa noite, de como atingi plenamente os objectivos que talhei para essa noite, e de como fiquei mais rico como Homem. Uma das coisas boas de sermos Astrónomos Amadores (sim, sou muito pretensioso) é sabermos que sabemos pouco. Sabendo pouco, há muito para descobrir! À medida que formos descobrindo vamo-nos cultivando e percebendo que afinal há ainda mais para descobrir... aí já não seremos tão amadores, mas a bagagem que levamos permite-nos concluir que nunca saberemos o suficiente sobre o Espaço. E sempre que formos obtendo vitórias nas nossas incursões aos mistérios celestes, o nosso queixo vai continuar a cair, vamos continuar a sorrir como miúdos ao ver uma coisa nova, a emoção de aprender algo vai continuar a mexer connosco.

Viver Astronomia é assim, uma forma de vida que se pode exportar.

O Céu nunca se repete. O Céu de hoje não é igual ao Céu de amanhã, é apenas parecido... não o observar hoje é uma noite perdida. Pelo menos olhar para cima, dizer "olá" às Estrelas, quem sabe apanhar uma Estrela Cadente perdida e deixarmo-nos levar pela vontade de pedir um desejo. Onde está a Física ao pedir um desejo? Não está. É apenas confortante, e giro (porque não?).
O Céu nunca se repete. A nossa vida também não. Nunca mais vou viver o 1 de Outubro de 2009. O que não fiz hoje já vai ocupar tempo ao que poderia fazer amanhã. Tempo houve em que não pensei assim. Já passou. Agora estou bem, sinto-me bem, quero aproveitar esta excelente fase pessoal da minha vida para continuar a sentir-me bem. É que assim também faço bem aos outros...
O Céu nunca se repete. O meu Sol está agora no ponto de culminação, estou agora no meu meio-dia, e contudo vejo Estrelas no meu Céu. Fui abençoado por isso e não quero deixar de merecer essa bênção de Deus. Fui fiel à minha vida e fui preguiçoso durante a minha manhã. Mas esse tempo passou. Porquê?

Porque o Céu nunca se repete.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

CHEGOU O OUTONO

Falei do equinócio, no outro post, por 2 motivos principais.

Primeiro, porque ele aconteceu dia 22 na Terra, às 22h19 mais precisamente. A essa hora, o Sol incidiu directamente sobre o Equador e deu entrada o Outono no hemisfério Norte.

Segundo, porque no passado mês de Agosto ocorreu o equinócio em Saturno. A luz do Sol incidiu na borda dos anéis de Saturno e provocou o mágico efeito visual de os tornar invisíveis por momentos. Deve ter sido um momento espectacular...

Uma das coisas fascinantes que o equinócio de Saturno nos traz, é uma nova perspectiva sobre a composição dos anéis e do próprio planeta, pois agora o Sol incide mais sobre o seu "outro" hemisfério. Mas neste post vou apenas publicar algumas fotos de particularidades entretanto descobertas pela venerável Cassini, que continua a fazer o seu trabalho de uma forma exemplar...

Na imagem seguinte vemos um relevo nos anéis de Saturno, apenas visível durante o equinócio. Tem 200m de altura, 130km de comprimento e a sombra estende-se por 350km.

A seguir temos uma perspectiva dos relevos do que se pensava ser plano...

E por hoje fico por aqui... :)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

BEM VINDO, CAÇADOR!

Orion, o caçador, está de volta aos nossos céus nocturnos após uma ausência estival. É certo que só aparece quando são horas de deitar, mas para um verdadeiro amante da Astronomia não há horas tardias.
Este post é muito curto, só quero felicitar o regresso não DE UMA constelação, mas DA constelação mais bela e imponente de todas...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O QUE É O EQUINÓCIO?

O equinócio (sempre adorei esta palavra, a par de solstício) é definido pelo momento em que o Sol, na sua órbita aparente, cruza o plano do Equador Celeste. É o ponto onde a eclíptica cruza o Equador Celeste. Mas o que é a órbita aparente e o Equador Celeste?

A órbita aparente é a órbita como vista da Terra. Quem orbita é a Terra, em torno do Sol, mas aos nossos olhos é o Sol que se move. Essa é a órbita aparente.

Equador Celeste é a linha do equador projectada na esfera celeste, uma esfera imaginária que nos envolve. Como o planeta roda com inclinação, o equador terrestre e o equador celeste não coincidem.

Voltando ao equinócio... é uma palavra originária do Latim, que significa noites iguais. Considerando a alvorada o instante em que metade do disco solar está acima do horizonte e o ocaso o instante em que metade do círculo solar está abaixo do horizonte, no equinócio o intervalo de tempo entre estes 2 instantes será exactamente 12 horas.

Iluminação da Terra pelo Sol no momento do equinócio

São os equinócios que definem as mudanças de estação.

A órbita da Terra não é um círculo, mas sim uma elipse. Graças a isso, os equinócios não dividem as estações em igual número de dias. A Terra move-se mais rápido quando está mais próxima do Sol (periélio) e mais lentamente quando está mais afastada (afélio). Esta é uma das Leis de Kepler, de que poderei falar noutro tópico.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

OBS. TROFA - AS CORES DAS ESTRELAS

Decididamente, as pessoas que não olham com atenção para o Céu, pensam que as Estrelas são todas brancas. E isso não pode ser mais falso.

Uma vez que o responsável por aquela acção disse no início que pretendia mostrar que as Estrelas não são todas iguais, optei por abordar o assunto em conversa com as pessoas que estavam junto a mim.

Usei 3 Estrelas como exemplo de diferentes cores que podem tomar: Vega, Arcturus e Antares.

Vega é o exemplo de uma Estrela azul-esbranquiçada, Arcturus uma Estrela com um aspecto laranja e Antares uma super-gigante vermelha.
Comparação de Vega com o nosso Sol


Comparação de Arcturus com o nosso Sol

Uma senhora dirigiu-se a mim e perguntou: "Mas as Estrelas não são basicamente fogo?" À minha confirmação, continuou: "Então não deviam ser todas iguais?".

Aí, eu disse que a chama de um isqueiro é mais azul na boca do isqueiro e vai ficando progressivamente mais vermelha/laranja à medida que se afasta. Não é só basicamente fogo, como também é a mesma chama!

E é isso que justifica a cor das Estrelas. As mais azuis são mais quentes que as mais vermelhas.

Região de Escorpião, onde Antares se destaca pelo seu tom vermelho intenso


Se olharmos para o Céu Nocturno com olhos de ver, apercebemo-nos que não só a diferença de cor é óbvia, como até nos perguntamos como foi possível estarmos tanto tempo sem reparar nisso.

É apenas a prova da pouca atenção que prestamos às maravilhas do Universo tão à frente dos nossos olhos.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

OBS. TROFA - MIZAR e ALCOR

Outro aspecto que prendeu a atenção de um grupo de pessoas foi o facto de a Estrela Mizar, na Ursa Maior, ser uma Estrela dupla.

Na verdade, é um sistema relativamente complexo.

Mizar e Alcor constituem um binário óptico, pois são aquelas que conseguimos visualizar a olho nu. São até chamadas de "Cavalo e Cavaleiro", pelas suas posições relativas. Estão a uma distância de 3 anos-luz, uma distância de mais de 8000 vezes superior à que nos separa do Sol! E parecem tão perto...
Mas o verdadeiro binário é constituído por Mizar A e Mizar B (uma Estrela bem mais pequena que Mizar A e que gravita em torno dela).

O que mais complica é o facto de Mizar A e Mizar B serem, por si, Estrelas duplas também, que gravitam uma em torno da outra. São binários espectroscópicos, que visualmente são indetectáveis. Só em 1889 se descobriu este tipo de binários estelares.
Nós, na prática, só vemos uma Estrela, Mizar. Mas quem diria que estão ali QUATRO Estrelas... sem contar com Alcor, o cavaleiro!

domingo, 16 de agosto de 2009

OBS. TROFA - JÚPITER

Sim, estive um bocado "fora" aqui do blogue, mas pretendo regressar em força, principalmente agora que me sinto a evoluir no manuseamento do meu telescópio, e que tenho tido mais e melhores oportunidades de trabalhar com ele.

Vou continuar a falar da minha experiência pessoal na Trofa, e depois mudarei para outros temas de que quero falar.

Sem dúvida que o que as pessoas mais gostaram de falar no contacto pessoal comigo foi de Júpiter.
O quê? Aquilo ali é Júpiter? Não é uma Estrela?

É um facto que Júpiter, visto a olho nu, parece uma Estrela muito brilhante, mas tem algumas diferenças que, depois de referidas às pessoas, elas acabam por compreender.

Por exemplo, o facto de não cintilar como as Estrelas, tendo um brilho mais fixo, é algo que facilmente se constata.

Mas mais curioso ainda que o facto de "aquele ponto ser Júpiter", foi a visão das suas 4 Luas visíveis através do meu telescópio.

O que são estes pontinhos à volta? Luas como? Como a nossa?

Na verdade, só se viram 3. Não sei se a minha abordagem foi correcta, mas através do recurso ao Celestia, penso que a que não se viu foi Calisto. Aqui não sei se estou correcto. Na prática os pontinhos são semelhantes, é mais uma questão de saber "o que vi".

Foi bastante engraçado ver uma das Luas surgir do disco de Júpiter (por trás ou pela frente não sei, o brilho do Planeta não permite ver), como se estivesse a nascer da mesma forma que a nossa Lua nasce vista da Terra.

Foi dito às pessoas que estas eram as Luas Galileanas, por serem aquelas que Galileu Galilei observou primeiro, no século XVII. São elas Io, Calisto, Europa e Ganimedes.

Através do telescópio foi possível ver as bandas vermelhas de Júpiter, resultantes da direcção ascendente da movimentação dos gases do Planeta.

domingo, 26 de julho de 2009

OBSERVAÇÃO NA TROFA

Na semana passada estive numa sessão de observação na Trofa, onde um grupo de pessoas ia aproveitar a oportunidade para dar uma olhadela ao Espaço através de telescópios.

À beira dos outros dois telescópios que lá estavam, o meu era bem mais pequeno, mas ficou provado que é perfeito para mim, pois não só ainda há uma infinidade de objectos que quero procurar e observar com ele, como ainda estou aos poucos a aprender algumas coisas básicas no uso e na manutenção de telescópios.
Essa falta de experiência resultou no não atingir alguns objectivos que tinha para essa noite.
Apesar da poluição luminosa (esse cancro da observação) e a previsível nebulosidade (e humidade!!!) não proporcionarem grandes condições, esperava observar algumas nebulosas como a M8 (Nebulosa da Lagoa) e a M57 (Nebulosa do Anel), mas não deu. Fiquei-me por alvos mais modestos, mas maravilhosos.

Achei graça ao facto de algumas pessoas terem pensado que eu devia ser um expert naquilo (estou muito longe disso, pois ainda preciso de ajuda de quem sabe mais que eu), mas fui-me safando com os conhecimentos teóricos que vou adquirindo ao longo do tempo. Soube muito bem partilhar alguns conhecimentos com pessoas que nunca tinham pensado no Céu como algo vivo. Se houver uma só pessoa que tenha estado presente, mesmo que não tenha contactado comigo, que comece a olhar para cima e tente compreender só um bocadinho do que vê, já ficarei contente.

É engraçado recordar que também eu já fiquei surpreendido quando soube que Júpiter tem várias Luas, que as Estrelas estão longe de ser iguais, e que há Estrelas binárias. Revi-me um pouco nessas pessoas e nos olhares de espanto.

Nos próximos 2 ou 3 posts vou falar um pouco de alguns temas que mais prenderam as pessoas que falaram comigo pois, como disse, falhei alguns objectivos que levava para essa noite.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

HOMEM NA LUA - 40 anos

Neil Armstrong, Michael Collins e Edwin Aldrin

Não podia deixar de assinalar este facto histórico.

No dia 21 de Julho de 1969, Neil Armstrong proferia a expressão: "A small step for man, a giant leap for mankind.", ao pisar a superfície lunar. Na missão Apollo 11, ia acompanhado de Edwin Buzz Aldrin, o homem que deixou a sua pegada na Lua, e de Michael Collins, que não chegou a sair do Módulo de Comando Columbia, a orbitar a algumas centenas de quilómetros da Lua.
Eram 21h17m40s em Portugal quando o Módulo Lunar Eagle pousou na Lua. Passadas 6h38 foi dado o primeiro passo na superfície do nosso satélite natural. Ficaram na Lua 21h38m antes de voltarem para a Terra.

Mais do que uma conquista científica, este dia marca a conquista de um sonho, a renovação das esperanças da humanidade de conquistar outros mundos, cada vez mais além.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

BUSCADOR STAR POINTER

Ainda não testei o meu buscador star pointer.
Para quem não sabe, é um elemento auxiliar para a observação astronómica.
Após alguma pesquisa e consulta a quem sabe, posso dizer em linhas muito leves que é um acessório do telescópio que consiste num pequeno LED (Light Emission Diod). Olhando para uma Estrela brilhante através do telescópio e depois através da "lente" do buscador, sem mover o telescópio, posso afinar o buscador, e assim ver facilitado o meu trabalho de varrer o Céu à procura dos meus alvos de observação.
O mecanismo é bastante curioso, pois deve olhar-se pelo buscador com ambos os olhos abertos (um olho através do buscador), que o cérebro tratará de fundir a imagem e "projectar" um ponto vermelho no Céu.
Queria ter feito o teste Sábado à noite, mas não consegui devido às más condições atmosféricas.
Hoje, 2ª feira, vou tentar de novo.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

OS DOIS PONTOS VERMELHOS

Mais uma vez, ontem fiquei a pé até tarde.
Antes de me deitar, fui à janela do meu quarto dar as boas noites a Vénus, que sabia que ia estar lá. Eram para aí 4h30 e já devia estar bem alto, mesmo ali pertinho de Aldebaran.

Mas quando olhei um pouco para cima, vi outro ponto avermelhado e inicialmente fez-me confusão.

Que diabo, o que é aquilo?


Abri a persiana, porque estava a espreitar só pelos buracos. Que se lixe lá o barulho para os vizinhos. A porcaria da poluição luminosa da Avenida 32 não me deixava ver com grande pormenor o que eu queria (a posição da constelação de Touro), para confirmar se aquele ponto seria a Estrela Alnath, mas depois concluí que não podia ser. Alnath não brilha tanto, Touro não estava naquela posição e aquele brilho não era cintilante.
Só podia ser um Planeta...

Só podia ser Marte.

Não sei porquê, pareceu-me especialmente espectacular ontem, ali tão pertinho de Vénus!
O Deus da Guerra com a Deusa do Amor. Um poema escrito no Céu.

Depois imaginei a linha da eclíptica e imaginei-a a apanhar Júpiter (bem) mais à frente.

Tudo faz sentido no Céu, e isso fascina-me. E mesmo assim consegue surpreender-nos com a sua grandeza e a sua beleza sempre que olhamos para Ele. E nunca o fazemos, nunca o faremos, vezes suficientes...

terça-feira, 14 de julho de 2009

ASTRONOMIA NAS BANDEIRAS - 3

Não vou dizer de que país é esta bandeira, senão o Google diria facilmente a resposta à pergunta que vou fazer.
Não me preocupam as cores, nem a Lua lá representada.
As Estrelas nem sequer formam qualquer constelação...
Mas o que é que elas têm de especial? Será a sua disposição? O número?
E dizem respeito a quê?

domingo, 12 de julho de 2009

ASTRONOMIA NAS BANDEIRAS - Estrela Polar

Há várias formas de distinguir a Estrela Polar. Passo a descrever algumas, possivelmente as mais usadas. Eu uso as 2 primeiras.

1 - Ponto importante. A Ursa Menor (a que pertence a Estrela Polar) tem um formato igual à Ursa Maior, embora em menor dimensão.
Imaginemos a Ursa Maior em forma de colher. A partir da abertura, afasto os olhos da Ursa Maior e vejo as 2 Estrelas aqui representadas mais à esquerda na Ursa Menor (Kocab e Pherkad). Daí, faço uma curva imaginária, até encontrar a Estrela Polar, que é sempre a que mais vai brilhar.

2 - A partir das 2 Estrelas "de baixo" da Ursa Maior na imagem (Merak e Dubhe), prolongo a visão através de uma linha recta imaginária de cerca de 5 vezes a distância entre as Estrelas que referi. Sem falhar, atinjo Polaris.3 - Procuro a estrela Megrez, no trapézio da Ursa Maior. Na imagem, é a Estrela de onde parte a seta de cima. Procuro, no "outro lado do céu", a inconfundível constelação de Cassiopeia (o "M" ou o "W"). A meio, a Estrela brilhante é Polaris.
4 - Esta eu não sabia, mas descobri há pouco. Só pode usar-se no Inverno, quando Orion está visível.
Passando uma linha imaginária pela Estrela central do cinturão de Orion (as 3 Marias) e pela cabeça de Orion ("acima" de Betelgeuse quando Orion nasce), vamos também encontrar a Estrela do Norte. A imagem a seguir ilustra.

Outras formas existirão, mas dependerão de cada observador. Uma das coisas boas da Astronomia é podermos fazer a nossa própria observação, com as nossas próprias técnicas. A nossa própria Astronomia...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

ASTRONOMIA NAS BANDEIRAS - 2

Hoje deixo esta bandeira.
Não vou dizer de que país/estado/região é. Uma das coisas que pergunto é de que zona do globo faz sentido que seja o país/estado/região em causa, simplesmente olhando para as estrelas aqui representadas.
Isso só se sabe se se identificar aquilo que se vê, que é a minha outra pergunta...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

ASTRONOMIA NAS BANDEIRAS - Cruzeiro do Sul

Claro que o ponto comum às bandeiras colocadas no ponto anterior era a constelação do Cruzeiro do Sul. As suas representações podem variar de bandeira para bandeira, como no número de pontas nas Estrelas, por exemplo, mas todas se referem a esta magnífica constelação.
A imagem seguinte dá-nos o nome das 5 Estrelas mais brilhantes, as representadas nas bandeiras. Prometo fazer um post sobre isso num futuro próximo.

A foto seguinte é uma imagem real. Vê-se claramente o Cruzeiro do Sul e 2 Estrelas mais brilhantes à sua "esquerda", Alfa e Beta Centauri.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

ASTRONOMIA NAS BANDEIRAS - 1

Astronomia nas bandeiras? Este gajo está tolo...
Não, não estou... Existe num grau muito maior do que se julga!
Cá ficam alguns exemplos, com a pergunta:
QUAL É O PONTO COMUM ENTRE ELAS?
Ilha Natal
Austrália

Samoa

Papua

Nova Zelândia

E agora mostro esta bandeira, perguntando:
QUAL É O PONTO COMUM ENTRE ESTA BANDEIRA E AS OUTRAS?

Brasil