segunda-feira, 24 de agosto de 2009

OBS. TROFA - AS CORES DAS ESTRELAS

Decididamente, as pessoas que não olham com atenção para o Céu, pensam que as Estrelas são todas brancas. E isso não pode ser mais falso.

Uma vez que o responsável por aquela acção disse no início que pretendia mostrar que as Estrelas não são todas iguais, optei por abordar o assunto em conversa com as pessoas que estavam junto a mim.

Usei 3 Estrelas como exemplo de diferentes cores que podem tomar: Vega, Arcturus e Antares.

Vega é o exemplo de uma Estrela azul-esbranquiçada, Arcturus uma Estrela com um aspecto laranja e Antares uma super-gigante vermelha.
Comparação de Vega com o nosso Sol


Comparação de Arcturus com o nosso Sol

Uma senhora dirigiu-se a mim e perguntou: "Mas as Estrelas não são basicamente fogo?" À minha confirmação, continuou: "Então não deviam ser todas iguais?".

Aí, eu disse que a chama de um isqueiro é mais azul na boca do isqueiro e vai ficando progressivamente mais vermelha/laranja à medida que se afasta. Não é só basicamente fogo, como também é a mesma chama!

E é isso que justifica a cor das Estrelas. As mais azuis são mais quentes que as mais vermelhas.

Região de Escorpião, onde Antares se destaca pelo seu tom vermelho intenso


Se olharmos para o Céu Nocturno com olhos de ver, apercebemo-nos que não só a diferença de cor é óbvia, como até nos perguntamos como foi possível estarmos tanto tempo sem reparar nisso.

É apenas a prova da pouca atenção que prestamos às maravilhas do Universo tão à frente dos nossos olhos.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

OBS. TROFA - MIZAR e ALCOR

Outro aspecto que prendeu a atenção de um grupo de pessoas foi o facto de a Estrela Mizar, na Ursa Maior, ser uma Estrela dupla.

Na verdade, é um sistema relativamente complexo.

Mizar e Alcor constituem um binário óptico, pois são aquelas que conseguimos visualizar a olho nu. São até chamadas de "Cavalo e Cavaleiro", pelas suas posições relativas. Estão a uma distância de 3 anos-luz, uma distância de mais de 8000 vezes superior à que nos separa do Sol! E parecem tão perto...
Mas o verdadeiro binário é constituído por Mizar A e Mizar B (uma Estrela bem mais pequena que Mizar A e que gravita em torno dela).

O que mais complica é o facto de Mizar A e Mizar B serem, por si, Estrelas duplas também, que gravitam uma em torno da outra. São binários espectroscópicos, que visualmente são indetectáveis. Só em 1889 se descobriu este tipo de binários estelares.
Nós, na prática, só vemos uma Estrela, Mizar. Mas quem diria que estão ali QUATRO Estrelas... sem contar com Alcor, o cavaleiro!

domingo, 16 de agosto de 2009

OBS. TROFA - JÚPITER

Sim, estive um bocado "fora" aqui do blogue, mas pretendo regressar em força, principalmente agora que me sinto a evoluir no manuseamento do meu telescópio, e que tenho tido mais e melhores oportunidades de trabalhar com ele.

Vou continuar a falar da minha experiência pessoal na Trofa, e depois mudarei para outros temas de que quero falar.

Sem dúvida que o que as pessoas mais gostaram de falar no contacto pessoal comigo foi de Júpiter.
O quê? Aquilo ali é Júpiter? Não é uma Estrela?

É um facto que Júpiter, visto a olho nu, parece uma Estrela muito brilhante, mas tem algumas diferenças que, depois de referidas às pessoas, elas acabam por compreender.

Por exemplo, o facto de não cintilar como as Estrelas, tendo um brilho mais fixo, é algo que facilmente se constata.

Mas mais curioso ainda que o facto de "aquele ponto ser Júpiter", foi a visão das suas 4 Luas visíveis através do meu telescópio.

O que são estes pontinhos à volta? Luas como? Como a nossa?

Na verdade, só se viram 3. Não sei se a minha abordagem foi correcta, mas através do recurso ao Celestia, penso que a que não se viu foi Calisto. Aqui não sei se estou correcto. Na prática os pontinhos são semelhantes, é mais uma questão de saber "o que vi".

Foi bastante engraçado ver uma das Luas surgir do disco de Júpiter (por trás ou pela frente não sei, o brilho do Planeta não permite ver), como se estivesse a nascer da mesma forma que a nossa Lua nasce vista da Terra.

Foi dito às pessoas que estas eram as Luas Galileanas, por serem aquelas que Galileu Galilei observou primeiro, no século XVII. São elas Io, Calisto, Europa e Ganimedes.

Através do telescópio foi possível ver as bandas vermelhas de Júpiter, resultantes da direcção ascendente da movimentação dos gases do Planeta.