sábado, 31 de julho de 2010

OBSERVAÇÃO 30/07/2010

Time-out na História da Astronomia para fazer o registo da minha noite de observação de ontem.

OBJECTIVOS:

Pôr-do-Sol de 4 planetas (Mercúrio, Vénus, Marte e Saturno);
M8 - Nebulosa da Lagoa
M20 - Trífide
M7 (queria vê-la também a olho nu)
M6 - Nebulosa da Borboleta
M51 - Galáxia do Remoinho (Whirlpool Galaxy)
M31 - Andrómeda
NGC 884 - Double Cluster

DADOS:

Para experimentar a minha capacidade de me orientar, saquei as coordenadas de azimute e elevação a diferentes horas, e sabia que:

20h45

Mercúrio - Az: 271º Elev: 13º
Marte - Az: 245º Elev: 25º
Saturno - Az: 246º Elev: 26º

21h
M8 - Az: 151º Elev: 18º
M20 - Az: 151º Elev: 20º

21h15

M7 - Az: 159º Elev: 10º (a 5ºE de Shaula)

22h

M8 - Az: 164º Elev: 22º
M20 - Az: 164º Elev: 23º
M51 - Az: 297º Elev: 51º

22h30

M31 - Az: 47º Elev: 15º
NGC884 - Az: 24º Elev: 16º

Sempre orientado por Kaus Borealis e Shaula.

RESULTADOS:

4 planetas - falhei Mercúrio (nebulosidade baixa);
Saturno - excelente visão dos anéis;
Marte - a bolinha vermelha apaixonante de sempre;
Vénus - pela 1ª vez vi as fases de Vénus, que estava em Quarto Crescente.
M8 - pleno sucesso;
M20 - não me pareceu ser ela à 1ª, mas depois não me fugiu;
M7 - pleno sucesso a olho nu e com telescópio;
M6 - pleno sucesso (a mais bela observação da noite);
M51 - nem vê-la!;
NGC884 - nem procurei.

M6 - Butterfly Cluster

COMENTÁRIO:

Noite curta, mas absolutamente proveitosa.
O nascimento cedo da Lua, às 22h46, impediu uma melhor e mais prolongada observação, numa noite com um óptimo clima.
Foi uma noite que cedo se tornou clara, e isso não permitiu uma melhor procura da M51 (magnitude 8) e nem pensar a procura da NGC884, pois já havia Lua.
Saliento a visualização de M7 a olho nu (nunca me tinha apercebido dela), da Butterfly (deslumbrante!) e da fase de Vénus (uma das provas visuais que a Terra gira em torno do Sol).
Apontei a M31 à primeira. Literalmente à primeira...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

HISTÓRIA DA ASTRONOMIA - introdução

Que sentido faz para nós gostarmos de Astronomia se não percebermos a sua História?

A Astronomia é uma ciência especial. É "A" Ciência. Não se compreende verdadeiramente a Astronomia se não conhecermos como nasceu, com que intérpretes, as dificuldades que teve de superar, da mesma forma que, por exemplo e sem menosprezo, a Biologia ou a Química.

Contra essas ninguém lutou, não houve resistência da sociedade e em seu nome, como houve no caso da "Lei das Estrelas". Só uma Ciência muito especial, A Ciência, conseguiria impor-se como a que estuda os Astros englobando um pouco de todas as outras áreas científicas.

A Astronomia e a sua História é feita de grandes Homens, que resistiram a pressões, ameaças de morte e outras formas de coacção, por defenderem os seus próprios ideais. Os Ideais correctos, a base do conhecimento que temos agora do nosso Universo e do Espaço.


Do Cosmos.



Da narcisista e irreal teoria geocêntrica à fundamentada verdade de que somos um grão de pó, do visionário Aristarco ao enorme Carl Sagan, da teoria dos círculos perfeitos à comprovada verdade das elipses, toda a História da Astronomia é feita de personagens e factos curiosos e científicos, de exemplos de persistência e provas de loucura, de insanidades e exercícios de Lógica.

Sou Católico, muito Católico. Não admito que se ponha em causa a base e a estrutura da minha Fé. Mas sei que a Igreja foi um dos grandes obstáculos ao desenvolvimento d'A Ciência.

Estou a ler um livro sobre Astronomia. Mais um... Trata-se de "Big Bang", de Simon Singh. Uma escrita fácil de um autor até agora desconhecido para mim, mas que recomendo vivamente. Em menos de nada já comi 80 páginas. O que pretendo nos próximos posts é não só comentar o que leio como o que percebo, explicar o que me marca e por que motivo me marca. É que Simon Singh fala um pouco da História da Astronomia, e está a despertar-me grande interesse e curiosidade em saber mais do que o que lá está. Sei que vou procurar, vou-me interessar, vou pesquisar... Vou aproveitar este início de férias para me cultivar, para Saber.

Não há melhor forma que começar pela História d'A Ciência.

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A História da Astronomia é feita de Homens isolados e sonhadores, e só conseguiram verdadeiramente vencer aqueles que fizeram o seu trabalho com devoção e paixão.
Não os invejo, porque sou parecido.
Admiro-os, porque já venceram.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

RESPIRAR VERÃO

Ontem foi uma noite que me soube maravilhosamente.
Eram 4h da manhã e decidi ir à janela ver como estava a noite. E a primeira sensação que tive foi a de respirar Verão. O calor contra a minha face e o meu peito, o brilho das Estrelas desta estação...
Fiquei ali cerca de meia hora, o tempo suficiente para ver as Híades surgir por baixo das Plêiades, e para ver a ponta do corno do Touro, Alnath, brilhar por cima dos prédios que me tapam a visão do horizonte nascente. Orion já começava a nascer, mas ainda estava fora do limitado campo de visão que tenho da minha janela a Este.
Respirei Estrelas, respirei calor, respirei Verão.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O GRITO DO SILÊNCIO

Finalmente actualizo o blogue.

Andei demasiado tempo com pouco tempo, se me é permitida a repetição de termos. E continuo assim um pouco, mas já que hoje tirei o dia para mim e para não fazer nada, por ordem do meu corpo, que me disse em altos berros que tem limites, não desperdiço a oportunidade de cá vir.

Neste tempo de ausência muita coisa se passou, alguma de relevo, o resto nem por isso. Mas se é possível, o meu gosto pela Astronomia aumentou mais um bocadinho. Não que tenha feito muito por isso, mas porque isso é algo que se entranha sozinho... É impossível olhar para o Céu, compreendê-lo e não ficar apaixonado por ele. É demasiadamente belo e cativante.

E numa fase da minha vida em que dou novo rumo a mim mesmo, dedicando-me cada vez mais a cada vez menos, seleccionando Aquilo e Quem me interessa a valer, a Astronomia tem lugar mais que reservado na minha vida presente e futura.

Quem nunca olhou para o Céu ao amanhecer não faz a mais pequena ideia do que perde.
Quem diz que as cores do anoitecer são iguais às do amanhecer não faz a mais pequena ideia do que diz.

Tenho passado imensas noites quase em claro. E só é quase porque ainda me deito um pouco quando a Terra acha que já rodou sobre si mesma o suficiente para mostrar o Sol a Este, e as suas cores vivas e brilhantes já se começam a tentar sobrepôr às cores misteriosas mas reveladoras da noite. E nessa altura, quem conseguir descortinar Aldebaran a mostrar por que motivo é uma Estrela Real vai cair aos seus pés. Aquela tonalidade vermelha num fundo azul escuro é qualquer coisa de arrebatador.

O jogo de cores do Céu é fascinante! Ai, pobres mentes que pensais que o Céu é preto e branco! E tanto que as cores nos dizem sobre os Nossos Astros!

Mas e antes de Aldebaran, quando aparece Capella com o seu brilho ofuscante? Que saudades tinha eu de a ver de madrugada! Da janela do meu quarto tenho o privilégio de ver o céu de Nascente. Sei que se for agora à janela, Capella vai estar presente, a dar-me as boas noites, e a recordar-me que não estou sozinho a estas horas absurdas em que só os noctívagos se sentem confortáveis.

Preciso urgentemente de tirar o meu telescópio da caixa e dar-lhe o devido uso. Preciso daquelas noites no meio do campo, em que só se ouvem os grilos, os lacraus e o silêncio.


O Silêncio.


Sou um tipo esquisito. Como disse há pouco tempo a outras pessoas, noutro contexto, sou um tipo esquisito, com gostos muito particulares, com opções muito próprias, com uma forma de ver a vida extremamente binária, absolutamente física, com uma lógica booleana em que só conheço o "0" e o "1". Por isso mesmo, por ser diferente, não espero ser compreendido por todos. Não tenho esse direito, o de exigir algo quando eu próprio sou intolerante com muitas outras coisas. Mas os supostos tolerantes são incompreensivos para quem o é com eles. E digo isto porquê?

Porque poucas pessoas dão valor ao Sr. Silêncio como eu dou. E também por isso sou diferente. O Silêncio é a melhor música em imensas ocasiões. Gosto de techno, gosto de rock, gosto de pop, gosto de muita música barulhenta... mas tudo tem os seus momentos. Um bom Silêncio é inspirador e vibrante, pode ser inclusive a companhia ideal para muitas horas. E insisto comigo mesmo, digo isto porquê?

Simples.

Experimentem olhar para o Céu, contemplá-lo, admirá-lo, com muita gente à volta. Depois experimentem fazê-lo sozinhos ou com quem respeita as vossas convicções. Está feita a explicação...

Sei que este post pouco tem a ver directamente com Astronomia, mas quando há algum tempo decidi dar um novo rumo a este espaço, prometi a mim mesmo que não me iria reger por regras. Por outras regras que não as que o meu espírito de Senhor das Estrelas me impusesse.