sábado, 30 de julho de 2011

AS 7 MARAVILHAS DA ASTRONOMIA - Catálogo de Messier - 2


Para votar, clique em "Gosto" nas imagens preferidas. Pode, obviamente, ser mais que uma...
Hoje deixo a descrição dos corpos que coloquei a votação desta vez.

1) Nebulosa do Caranguejo (Crab Nebula) - M1
É um remanescente de supernova e uma nebulosa de vento de pulsar em Touro. Foi observada pela 1ª vez em 1054 por astrónomos chineses e árabes. Está a 6500 anos-luz, tem um diâmetro de 11 anos-luz e expande-se a 1500km/s.

2) Aglomerado da Borboleta (Butterfly Cluster) - M6
É um aglomerado aberto de estrelas em Escorpião. Supõe-se que esteja a 1600 anos-luz e o seu tamanho em torno da maior dimensão ronda os 12 anos-luz.

3) Aglomerado de Ptolomeu (Ptolemy's Cluster) - M7
Aglomerado aberto de estrelas vizinho de M6. Está a quase 1000 anos-luz e tem cerca de 20 anos-luz de dimensão maior. Tem idade estimada de 220 milhões de anos.

4) Grande Aglomerado Globular de Hércules (Hercules Globular Cluster) - M13
A 25100 anos-luz da Terra, é observável a olho nu, embora de forma ténue. Contém centenas de milhar de estrelas e 145 anos-luz de diâmetro.

5) Nebulosa da Águia (Eagle Nebula) - M16
Aglomerado estelar aberto em Serpente. Berço estelar, está a 6500 anos-luz da Terra. A torre de gás e poeira mede cerca de 97 triliões de quilómetros.

6) Os Pilares da Criação (The Pillars of Creation) - M16
Parte da Nebulosa da Águia. O Telescópio Espacial Hubble tirou esta imagem em 1995. Supõe-se que as zonas escuras sejam protoestrelas. O maior destes pilares tem 7 anos-luz de comprimento.

7) Nebulosa Ómega (Omega Nebula) - M17
Também conhecida como a Nebulosa do Cisne ou Nebulosa da Ferradura, situa-se em Sagitário, a 5000 ou 6000 anos-luz da Terra. Tem 15 anos-luz de diâmetro. A massa total da nebulosa está estimada em 800 massas solares.

8) Nebulosa Trífida (Trifid Nebula) - M20
Aglomerado aberto de estrelas em Sagitário, a 7600 anos-luz, o seu nome significa "dividido em 3 lóbulos". Em 2005, o Telescópio Espacial Spitzer descobriu 30 estrelas embrionárias e 120 estrelas recém-nascidas não vistas em luz visível.

9) Nebulosa do Haltere (Dumbbell Nebula) - M27
Primeira nebulosa planetária descoberta na constelação da Raposa, está a 1200 anos-luz. Tem 9800 anos e expande-se a 31km/s.

10) Galáxia de Andrómeda (Andromeda Galaxy) - M31
A 2900000 anos-luz, desloca-se em direcção à Via Láctea. Possui entre 180 e 220 mil anos-luz de diâmetro. É visível a olho nu.

11) Nebulosa de Orion (Orion Nebula) - M42
Berçário estelar mais próximo da Terra. Situa-se em Orion, a cerca de 1500 a 1800 anos-luz. Possui 25 anos-luz de diâmetro.

12) Nebulosa Cabeça de Cavalo e Nebulosa da Chama (Horsehead Nebula and Flame Nebula) - M42
Parte da Nebulosa de Orion. Facilmente identificáveis pelas suas formas, a Nebulosa Cabeça de Cavalo surge como uma nuvem de gás espessa sobre um fundo vermelho e o brilho da Nebulosa da Chama resulta dos electrões e hidrogénio ionizado recombinados.

13) Plêiades (Pleiades Cluster) - M45
Aglomerado estelar facilmente visível a olho nu, constituído por estrelas brilhantes e quentes. Em Touro, tem um período de vida estimado por mais 250 milhões de anos.

14) Galáxia do Remoinho (Whirlpool Galaxy) - M51
Localizada na constelação dos Cães de Caça, possui uma galáxia companheira, denominada NGC 5195 ou M51B.

15) Aglomerado Globular M54 (M54 Globular Cluster) - M54
Faz parte da Galáxia Anã Elíptica de Sagitário, tornando-se o primeiro aglomerado globular extragaláctico já descoberto. A 87000 anos-luz, tem 150 anos-luz de diâmetro.

16) Nebulosa do Anel (Ring Nebula) - M57
Exemplo perfeito de uma nebulosa planetária, na constelação da Lira. Está a cerca de 2300 anos-luz.

17) Galáxias M59 M60 (M59 and M60 Galaxies) - M59/M60
M59 é uma galáxia elíptica a cerca de 60 milhões de anos-luz, tem 90000 anos-luz de diâmetro. M60 está a 55 milhões de anos-luz. Estranhamente, não interagem apesar da proximidade.

18) Galáxia do Girassol (Sunflower Galaxy) - M63
Galáxia espiral na direcção da constelação dos Cães de Caça

19) Galáxia do Olho Negro (Black Eye Galaxy) - M64
Situa-se a 17 milhões de anos-luz, em Coma Berenices. Distingue-se pois os seus movimentos internos têm o sentido contrário aos movimentos externos.

20) Galáxia M66 (M66 Galaxy) - M66
Em Leão, situa-se a 35 milhões de anos-luz.

21) Galáxia M74 (M74 Galaxy) - M74
Em Peixes, está a uma distância de aproximadamente 24 a 36 milhões de anos-luz da Via Láctea e tem dois braços espirais.

22) Nebulosa do Pequeno Haltere (Little Dumbbell Nebula) - M76
Toma um nome semelhante a M27 e tem cerca de 1 ano-luz de diametro. Está a cerca de 3 a 5 mil anos-luz da Terra.

23) Galáxia de Bode (Bode Galaxy) - M81
Galáxia espiral situada na Ursa Maior, a cerca de 12 milhões de anos-luz.

24) Galáxia do Cigarro (Cigar Galaxy) - M82
Na Ursa Maior, é uma galáxia irregular situada a cerca de 12 milhões de anos-luz.

25) Galáxia M91 (M91 Galaxy) - M91
Galáxia espiral barrada, pertence ao Aglomerado da Virgem, e situa-se na constelação de Coma Berenices.

26) Galáxia M94 (M94 Galaxy) - M94
A 14 500 000 anos-luz, M94 situa-se na constelação dos Cães de Caça. Perto do disco central, há zonas de formação estelar activas.

27) Nebulosa do Mocho (Owl Nebula) - M97
Baptizada por se assemelhar aos olhos de um mocho numa noite escura, é uma nebulosa planetária de 16ª magnitude na direcção da Ursa Maior.

28) Galáxia do Fuso (Spindle Galaxy) - M102
Galáxia lenticular localizada na constelação do Dragão, situa-se a 40 milhões de anos-luz.

29) Galáxia Sombrero (Sombrero Galaxy) - M104
Galáxia espiral composta por um núcleo brilhante rodeado de material escuro, está a 28 milhões de anos-luz.

terça-feira, 26 de julho de 2011

AS 7 MARAVILHAS DA ASTRONOMIA - Catálogo de Messier

Continuo com a eleição das 7 Maravilhas da Astronomia.
A categoria de hoje é o Catálogo de Messier.

Para votar, mencione aqui a sua preferência, ou coloque "Gosto" em:

Escolhi 29 objectos deste catálogo:
 1) Nebulosa do Caranguejo

 2) Aglomerado da Borboleta

 3) Aglomerado de Ptolomeu

 4) Grande Aglomerado de Hércules

 5) Nebulosa da Águia

 6) Os Pilares da Criação

 7) Nebulosa Ómega

 8) Nebulosa Trífide

 9) Nebulosa do Haltere

 10) Galáxia Andrómeda

 11) Nebulosa de Orion

 12) Nebulosa Cabeça de Cavalo e Nebulosa da Chama

 13) Plêiades

 14) Galáxia do Remoinho

 15) M54

 16) Nebulosa do Anel

 17) M59 e M60

 18) Galáxia do Girassol

 19) Galáxia do Olho Negro

 20) M66

 21) M74

 22) Nebulosa do Pequeno Haltere

 23) Galáxia de Bode

 24) Galáxia do Cigarro

 25) M91

 26) M94

 27) Nebulosa do Mocho

 28) Galáxia do Fuso

29) Galáxia Sombrero

domingo, 24 de julho de 2011

AS 7 MARAVILHAS DA ASTRONOMIA - Sistema Solar - 2

Continua a eleição em:

Hoje deixo aqui no blogue a descrição de cada um dos elementos sujeitos a votação.

1) Sol
Dispensa comentários. É a nossa estrela e a nossa fonte de vida. Tem mais actividade do que a maioria de nós pensa.Representa 99,86% da massa do Sistema Solar e é 1 300 000 vezes maior que a Terra.


2) Fases de Vénus
Galileu descobriu as fases de Vénus no século XVII. Tal como a Lua, a forma como vemos Vénus depende do seu posicionamento em relação ao Sol.


3) Aurora Boreal
Resultado da ionização das partículas enviadas pelo Sol ao colidir com a atmosfera terrestre, estes efeitos são sentidos nas regiões polares. Quando ocorrem no Sul, são chamadas de Aurora Austral.


4) Valles Marineris
A superfície de Marte não é lisa. Tem o seu próprio Grand Canyon, com mais de 4 000 km de comprimento, 200 km de largura e chega a atingir 7 km de profundidade.


5) Cintura de Asteróides
Esta imagem é uma representação, mas não deverá ser muito diferente da realidade. A cintura de asteróides situa-se entre Marte e Júpiter. Consta que é o resultado da formação de um planeta... que não chegou a sê-lo.


6) Grande Mancha Vermelha
Esta foto foi tirada pela Voyager 1, em 1979, aquando da sua passagem por Júpiter. Tem uma estrutura permanente, um comprimento de cerca de 25 000 km e uma profundidade vertical de cerca de 12 000 km, equivalente ao diâmetro da Terra...


7) Io
Lua de Júpiter. É o corpo mais activo do Sistema Solar. Os seus vulcões são mais quentes que os da Terra, e tem fluxos de lava superiores a 500 km. É o que há de mais aproximado ao conceito de inferno, no Sistema Solar.


8) Anéis de Saturno
São rastos de gelo, poeiras e materiais rochosos. Podem ter dimensões de centenas de milhares de quilómetros, mas têm apenas 1,5 km de espessura. São a imagem de marca de Saturno, que inicialmente foi baptizado por Galileu de "Planeta com Orelhas", por não ter definição suficiente nas primeiras imagens obtidas com o telescópio.


9) Enceladus
Lua gelada de Saturno. O gelo novo e limpo que domina a superfície, torna esta lua como o corpo de maior albedo (brilho reflectido) do Sistema Solar. Foram descobertas evidências de um oceano subterrâneo em Enceladus. Tem uma temperatura de -198º C, porque reflecte quase toda a luz que recebe do Sol.


10) Jápeto
Tem uma crista no seu equador de origem desconhecida, com comprimento de cerca 1 300 km e 20 km de altitude. Um dos hemisférios é brilhante e tem grande albedo, enquanto que o outro é extremamente escuro e difícil de estudar.


11) Úrano
Tem um leve sistema de anéis, de composição semelhante aos de Saturno, mas em muito menor escala. Efectua rotação sobre o seu eixo de translação, ao contrário de todos os outros planetas do Sistema Solar.


12) Neptuno
Tem os ventos mais fortes do Sistema Solar, que podem atingir os 2 100 km/h, prova de uma atmosfera muito activa. Também por isso, possui uma grande mancha tal como Júpiter, mas azul, devido à composição da sua atmosfera.


13) Cometa Halley
Podia ser um qualquer cometa, mas este é o mais simbólico. Descoberto em 1696, visita-nos a cada 76 anos, o que faz com que só o possamos ver, em média, uma vez na vida. Tem agora cerca de 11 km de diâmetro e dentro de 300 000 anos... desaparece.


14) Nuvem de Oort
Esta imagem é uma representação. Representa uma hipotética região povoada de cometas localizada a 50 000 vezes a distância que nos separa do Sol. Define o limite gravitacional provocado pelo Sol.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

AS 7 MARAVILHAS DA ASTRONOMIA - Sistema Solar

Estive muito tempo sem actualizar o blogue. Fase complicada da vida que, se Deus quiser, já só pode ter tendência a melhorar...
Com o post de hoje, pretendo dar continuidade ao que se passa aqui em Portugal, com a eleição das 7 Maravilhas de tudo e mais alguma coisa... como ainda ninguém se lembrou de fazer o mesmo com a Astronomia, eu tomo a iniciativa de brincar um bocadinho com isso.

Ainda não sei bem em que categorias dividir a eleição. O que estou a pensar fazer é dividir em 4 ou 5 "eliminatórias", e depois passar as 3 mais votadas para a eleição final. as categorias seriam:
  • Sistema Solar
  • Catálogo de Messier
  • Nebulosas
  • Galáxias
  • Outros
Para isso, preciso claramente que as pessoas que lêem este blogue colaborem. Senão não piada nenhuma... Digam em comentário quais as imagens que preferem, ou em alternativa coloquem um "Gosto" no meu facebook, na imagem respectiva. Visitem o álbum em:
http://www.facebook.com/media/set/?set=a.205102902873055.49451.100001200404880&type=1

Escolhi 14 imagens/factos. As explicações estão em cada imagem, no meu facebook.
A votação estão:
 1) Sol

 2) Fases de Vénus

 3) Aurora Boreal

 4) Valles Marineris

 5) Cintura de Asteróides

 6) Grande Mancha Vermelha

 7) Io

 8) Anéis de Saturno

 9) Enceladus

 10) Jápeto

 11) Úrano

12) Neptuno

 13) Cometa Halley

14) Nuvem de Oort

terça-feira, 14 de junho de 2011

OS 7 SENTIDOS NA ASTRONOMIA - Paladar, Imaginação, Conhecimento

Quando se faz algo de muito bom, ou se consegue "aquela" conquista que há muito procurávamos, não fica um sabor especial na boca? É exactamente esse o sabor de descobrir "aquela" Estrela, conseguir encontrar "aquela" Galáxia, e encontrar a melhor forma de observar "aquela" Nebulosa...
O paladar que se sente não é obviamente na boca, mas na mente e no coração.

E é na mente que reside o maior segredo para se saborear uma boa noite de Astronomia.
Imaginar como serão os outros mundos que observamos, ali, tão à frente dos nossos olhos, e ao mesmo tempo a uma distância inalcançável, é algo absolutamente maravilhoso.

Deixarmo-nos levar pela nossa imaginação só é suplantado pelo conhecimento que adquirimos ao compreender aquilo que vemos.

É que cada um é livre de imaginar o que quiser. Há mentes sonhadoras, não o é a minha. Sou suficientemente céptico e pragmático para me limitar a imaginar até ao limite que a minha mente permite.
Conhecimento, isso nem todos temos e pior, nem todos queremos ter. Falo por mim, não sei quase nada. A sério que não! Tenho plena consciência do pouquíssimo que sei, mas gosto de conhecer e saber mais.

Adoro compreender aquilo que vejo quando olho para cima. Desde compreender o porquê de as Estrelas cintilarem e os Planetas não, passando pelo porquê de haver Galáxias irregulares e espirais, até ao facto de haver objectos visíveis com infravermelhos e não com luz visível, gosto de compreender.
Gosto de saber por que motivo o Céu de Sul muda mais que o de Norte, de saber o porquê de Mercúrio ser tão difícil de observar...
Gosto de saber os nomes das Estrelas. Gosto de saber o porquê de se chamarem assim e o que levou os Homens a baptizá-las dessa forma.

Eh, pá... A nossa vida tem muita coisa inexplicável.
O Céu não é assim.

E é por isso que me sinto tão em casa quando me dedico à Astronomia...

Nós somos feitos de Estrelas, de matéria estelar, lá produzida.
É por isso que, no escuro da noite, me sinto ofuscado pelo brilho das Estrelas.

O brilho que entra nos nossos olhos quando as observamos é apenas a Luz das Estrelas a voltar a casa...

segunda-feira, 30 de maio de 2011

OS 7 SENTIDOS NA ASTRONOMIA - Audição, Olfacto, Tacto

Imaginem-se no meio do nada.
À vossa volta só há natureza, fechem os olhos, não procurem as sensações e deixem que elas vão até vós.

Ouçam.

Exactamente, à primeira não se ouve nada... Mas é exactamente esse o segredo. O silêncio da noite é dos melhores sons que os nossos ouvidos podem ter o privilégio de ouvir. Os carros ouvem-se lá muito ao longe, os grilos estão perto mas não se sabe onde... a pessoa que estiver convosco pode falar baixinho, muito baixinho, e mesmo assim será ouvida na perfeição.
O tom baixo da voz pode ser entendido como uma mensagem subconsciente do cérebro para se respeitar a Noite.

Inspirem.

E o aroma da noite? O perfume das plantas? O cheiro a verde, a terra e a pedra?
Nós e a Natureza, Nós e a Terra, Nós e as Estrelas, Nós e o Espaço. O perfume que entra nas nossas narinas é também o perfume do Espaço, o odor das Estrelas...

Sintam.

Sim, muitas vezes o frio. O melhor local para chegar às Estrelas é muitas vezes o oposto do que elas são... Elas são quentes, muito quentes. Até as mais frias são abrasadoras para nós. Mas para chegar a Elas temos de estar no frio. Mas também é óbvio que compensa.
Já estive com temperaturas muito próximas de 0ºC. Custa fisicamente, mas faz um bem gigantesco à alma.
Mas sintam também a Natureza a chegar até vós, sintam as Estrelas a impôr a sua presença.

A Astronomia é uma Ciência completa e complexa.
Deixem que sejam as nuvens a impedir que Ela chegue até vós, e não sejam vocês mesmos a tratar disso...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

OS 7 SENTIDOS NA ASTRONOMIA - Visão

E começo pelo óbvio... claro que uma noite de observação traz implícita a necessidade (ou obrigatoriedade...) de ver coisas, novas ou não, e contemplar a beleza que o Céu nos exibe, descarada mas humildemente, bem diante dos nossos olhos.
Dante dizia:

"Os céus giram sobre ti mostrando-te as suas eternas glórias, mas os teus olhos limitam-se a fitar o chão."

É um desperdício não olhar para cima, para todos os mundos que se sobrepõem a nós e nos fazem perceber quão pequenos somos. O nosso lugar no Universo é verdadeiramente pequeno, mínimo, ínfimo, e basta Olhar o Céu Nocturno para o percebermos. São tantas as Estrelas a iluminar tantos mundos... São Galáxias tão distantes que chegam aos nossos olhos e nos deslumbram com tanta imponência... Enfim, tudo nos mostra a infinidade de Vida que, com certeza, brota por todo o lado e que alguns de nós, Homens, egocentricamente recusamos a aceitar. Somos apenas um ponto. E se não o vemos quando vemos o Céu, então nada vemos à nossa frente...

Só recomendo aos outros aquilo que eu próprio faço. Olhem o Céu. Deixem que a escuridão se apodere de vós, deixem que o breu da noite vos envolva sem receios. Olhem para cima e permitam que todos aqueles infinitos Pontos de Luz vos fulminem os olhos e vos sorvam o espírito. A Astronomia não é uma só uma Ciência que deva ser encarada pelo lado estritamente Físico da questão. Merece ser sentida.
E o primeiro passo é aprender a contemplá-la. Aprender a percebê-la... Quem estiver a iniciar-se na Astronomia, antes de pensar em arranjar um bom telescópio ou uns bons binóculos, deve aprender a usar o que de mais seu pode ter: a visão. 

terça-feira, 10 de maio de 2011

OS 7 SENTIDOS NA ASTRONOMIA

Ai, o tempo que me falta para o meu vício da Astronomia... mas falta por uma boa razão: trabalho! Vou roubar uns minutinhos ao trabalho agora, porque tenho a cabeça em água e não consigo raciocinar como deve ser...

Escrevo hoje sobre os sete sentidos na Astronomia... SETE? Sim... A saber:
  1. Visão;
  2. Audição;
  3. Olfacto;
  4. Tacto;
  5. Paladar;
  6. Imaginação;
  7. Conhecimento.
Sim, os 2 últimos são muito pessoais, mas aplicam-se a qualquer pessoa que queira sorver todos os bocadinhos de uma observação astronómica.
Uma noite acompanhado das pessoas certas, que queiram aprender aquilo que o Céu Nocturno nos quer ensinar, a olhar para as maravilhas que a Noite nos enfia pelos olhos dentro, a saborear a Natureza no seu estado mais puro, mais cru, mais original, é do melhor que pode haver. Liberta a alma, liberta o espírito, liberta o corpo. Só quem não experimentou não concorda comigo. É demasiado bom...

O que eu recomendo a quem quer que seja, amador ou experiente, sábio ou menos sábio, preparado para o que vai encontrar ou nem por isso, é que vá de mente aberta e espírito disponível para a Natureza, para o Mundo e para os Mundos que vai encontrar numa noite de observação. Devorar o Céu Nocturno é semelhante a ser devorado por ele. É quase uma experiência religiosa, para os crentes como eu. Digo isto por um motivo... Eu não vou à Eucaristia por obrigação, vou quando sinto falta de Deus. E quando vou, faço-o de espírito aberto para ouvir a Sua Palavra. Fazer uma observação astronómica também só me sabe bem por ir de mente totalmente disponível para aprender...

E nisso aplico os meus sentidos. Todos eles...

Começo no próximo post a falar um pouco sobre eles.

terça-feira, 26 de abril de 2011

UMA ESTRELA MAIS

Há mais uma Estrela no meu Céu.
Os últimos tempos da minha vida não têm sido fáceis, nada fáceis, e uma das causas é o desaparecimento do meu cão, que eu considerava o meu irmão mais novo. Partiu numa altura em que lhe começavam a faltar as forças para viver fisicamente, mas ele mantém-se vivo em mim. Ele é uma minha Estrela, e só lhe poderia retribuir o muito que ele fez por mim e o bem que me fez sempre sentir, "dando-lhe" uma Estrela só dele.

No meu Céu, ele tem tudo a haver com Sírio, a Estrela do Cão.
É a Estrela mais brilhante do hemisfério Norte, a que mais encanta, a que mais embeleza o Céu.
É a Estrela mais aguardada pela sua imponência e pelo que significa, desde os tempos mais antigos.
É inevitável sentir o poder do seu brilho e da sua cintilação, um dos espectáculos nocturnos mais belos. Sinto Paz, como se algo bom estivesse a nascer em mim. É uma renovação, um brotar de força.

O meu cão sempre me fez sentir o mesmo. Paz, Amor, Força... Sempre renovou tudo o que de bom há em mim, pelo simples facto de existir e de fazer questão de se mostrar presente.

E analiso o nome da Estrela, e o que me diz? Que "Sírio" vem do Grego "seirios", que quer dizer "brilhante" ou "o escaldador". Já os antigos Egípcios adoravam Sírio por esta indicar a altura do ano em que deveriam renovar as suas culturas.

Enfim... sempre que olho para cima, lembro-me dele.
Desculpem este meu post, mas... não resisti.

quinta-feira, 10 de março de 2011

A MAGIA DA NOITE

Este espaço, por ser um cantinho do Espaço, é também um cantinho de mim.
Sou demasiado viciado no que gira por cima das nossas cabeças para não me permitir confundir um bocadinho... Por isso, perdoem-me alguns posts menos técnicos, científicos ou factuais, pois por vezes é aqui que desabafo.

Depois de tanto tempo a escrever sobre um tema tão objectivo, hoje tenho um post que é tudo menos isso.

Há poucas semanas houve um problema num prédio aqui ao lado, e tive de me manter acordado a maior parte da noite. Uma vez que já não fazia sentido ir para a cama, optei por ir directo para a faculdade. Eram 5h30 quando saí de casa. Tive tempo para ver as Estrelas e matar saudades delas, porque a chuva tinha dado, nessa noite, umas deliciosas tréguas. Era uma 6ª feira de manhã e eu ainda me sentia em modo 5ª feira, mas aquele bocadinho fez-me um bem impressionante. Como só ia apanhar o comboio das 6h04, tive tempo de ir devagar a olhar para cima, a sentir o frio bater-me no rosto, e ir ouvir os pássaros e o mar. Estava zero de vento, o que permitiu concentrar-me no silêncio da noite, enquanto consegui não congelar.

Não estava sozinho. Senti comigo Saturno, Vénus, Antares, Vega, Altair, Capella e tantas outras...
Quando saí do metro para ir para a faculdade, apercebi-me como tinha muita sorte por fazer o caminho em direcção a Este, ou seja, de frente para o nascer do Sol. Os tons aí estavam alaranjados, sublimes, a invadir o dominante azul escuro da noite.

Apesar de tudo, dos problemas e da falta de sono, aquele bocadinho permitiu-me encontrar-me comigo mesmo. Coisa tão rara nos últimos tempos...

sexta-feira, 4 de março de 2011

HISTÓRIA DA ASTRONOMIA - conclusão

E termino com o 23º post sobre a História da Astronomia.

Poderia agora falar da outras teorias acerca do próprio Big Bang. Foi o primeiro? O que havia antes disso? Terá sido o início dos tempos ou houve algo em t<0? Teoria das cordas? Teoria das membranas? Outras dimensões e mundos paralelos? Não sei o suficiente sobre isso, mas posso dissertar... mas iria fugir ao tema da HISTÓRIA REAL da Astronomia, e não é isso que pretendo hoje.

Tudo começou com as medições básicas das dimensões da Terra e da distância da Terra à Lua e ao Sol, mas o essencial foi a curiosidade do Homem em conhecer mais do mundo onde vive, do seu lugar no contexto global do Universo, e da necessidade de compreensão da sua História e das suas origens.
Desde Aristarco e Eratóstenes, passando por Kepler e Galileu, chegando a Penzias e Wilson, muitos outros nomes foram ficando submersos na História daquela que é, a meu ver, a mais bela Ciência de todas, a mais inesgotável das fontes de conhecimento.

É obrigatório ficar fascinado ao olhar para o Céu, a imaginar outros mundos e outras realidades, a compreender que apesar de o Espaço nos conduzir a um caleidoscópio de sensações, é também algo que se rege pela exactidão da Matemática, e que apesar de nos conduzir para a ambiguidade dos sonhos, também nos obriga a compreender a objectividade da Física e da Química...

Quero compreender cada bocadinho de Céu, pois só assim mostrarei a mim mesmo que não sei nada sobre ele.

Quero construir assim a minha própria história.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

HISTÓRIA DA ASTRONOMIA - O COBE - 2

No seu lançamento, rompeu a barreira do som em 30s e ficou em órbita em 11min. Com um ajustamento final, estacionou nos 900km de altitude, em órbita polar, circum-navegando a Terra 14 vezes por dia.

Desde os primeiros dados enviados, foi claro que o COBE funcionava na perfeição.
O primeiro levantamento do céu ficou concluído em Abril de 1990, mas tinha pouquíssima resolução.
Em Dezembro de 1991 surgiu o primeiro levantamento completo do céu, fruto de 70 milhões de medições, e apresentava uma variação de 0,001% no comprimento de onda dependendo da direcção da observação.
Seguiu-se um estudo exaustivo acerca dos resultados encontrados até Abril de 1992, altura em que a descoberta foi devidamente anunciada numa conferência realizada em Washington.

Nas imagens, e sem entrar em grandes detalhes, pode ver-se a variação detectada pelo COBE. Os diferentes tons correspondem a diferentes intensidades de RFM.
Vê-se a radiação proveniente das estrelas da Via Láctea ao centro. No outro mapa, retira-se essa radiação e obtém-se a distribuição da RFM em todo o Universo. Grande parte do mapa é ruído aleatório, mas uma análise detalhada revelou a tal variação de 0,001%.

George Smoot, um dos responsáveis pelo COBE, disse: “Para quem for religioso, é como contemplar a face de Deus.”

Provou-se que o Universo é dinâmico, está em expansão e evolui. Tudo o que há hoje é resultado de uma gigantesca explosão, um Big Bang quente, denso e compacto, ocorrido há 10 mil milhões de anos.
O modelo do Big Bang estava comprovado.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

HISTÓRIA DA ASTRONOMIA - O COBE - 1

Os defensores da teoria do Big Bang tiveram de se debater com uma série de questões pertinentes, que pareciam contradizer a veracidade dessa teoria.
Uma das mais importantes era a que Fred Hoyle, que nunca se conformou com a derrota do modelo do estado estacionário, colocava. Dizia ele que se postularmos uma explosão suficientemente violenta para ter dado origem à explosão do Universo, nunca se formariam quaisquer agregados vagamente semelhantes a galáxias. Ou seja, perante uma explosão de tal magnitude, seria impossível que houvesse algo suficientemente forte para se manter compacto, ou que desse origem a algo compacto.

Os apoiantes do Big Bang admitiam o problema, mas basearam-se na esperança de que o Universo primordial não tivesse sido completamente uniforme. Teria de haver pequenas perturbações.
O melhor local para procurar esses vestígios era no mais antigo fóssil conhecido, a RFM. Ao olhar para a RFM, estamos de facto a olhar para o passado. Ela foi emitida quando o Universo tinha 300 000 anos, 0,003% da sua idade actual de 10 mil milhões de anos. Fazendo um paralelo entre o Universo actual e um ser humano, ela teria sido emitida quando o Universo era um bebé de poucas horas.
Quaisquer variações de densidade ocorridas na altura da emissão, apareceriam com uma RFM diferente agora, através de variações de comprimento de onda.

Após várias experiências sem total sucesso, percebeu-se que seria necessário colocar um detector num satélite, fora da atmosfera terrestre.


Foi aí que nasceu o COBE (Cosmic Background Explorer Satellite), projectado em 1974, mas que apenas avançou em 1982, com avanços e recuos. O pior deles todos surgiu com a explosão do vaivém Challenger, em 28 de Janeiro de 1986, que vitimou toda a sua tripulação, e com isso colocou em perigo o projecto espacial americano de então.
Mas, a 18 de Novembro de 1989, 15 anos após a proposta inicial ter sido entregue à NASA, o COBE ficou pronto para ser lançado.

Na imagem em cima é possível ver o COBE, com a indicação dos seus 3 detectores.
DIRBE - Diffuse Infrared Background Experiment
FIRAS - Far Infrared Absolute Spectrophotometer
DMR - Differential Microwave Radiometer

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

HISTÓRIA DA ASTRONOMIA - O Paradoxo de Olbers

Pronto, fiquei livre dos exames e de volta à vida.

Esta longa sucessão de posts dedicados à História da Astronomia está a chegar ao fim, mas ainda é importante mencionar alguns factos relevantes.
O post de hoje é curto, e dedicado ao Paradoxo de Olbers.

Em 1823, no tempo em que se acreditava ainda que o Universo era infinito e eterno, o astrónomo Wilhelm Olbers interrogou-se sobre a razão por que o Céu nocturno é escuro.
Sendo ele infinito, deveria conter um número infinito de Estrelas.
Se tivesse idade infinita, a luz de todas elas já teria tido tempo de chegar até nós.
Logo, o Céu deveria ser sempre iluminado!

Uma das formas de resolver este paradoxo recorre à teoria do Big Bang.
Se o Universo tiver poucos milhares de milhões de anos, só a luz estelar contida num volume relativamente pequeno teve tempo de nos alcançar, porque a luz se desloca a uma velocidade finita, de 300 000 km/s.

Conclusão: um Universo de idade finita e luz com velocidade finita, só pode resultar num céu com quantidade finita de luz. E isso é, de facto, o que se observa.

O segredo da implantação definitiva do modelo do Big Bang, relativamente aos modelos anteriores, está na capacidade de resolver estes pequenos enigmas e paradoxos, e fornecer respostas a questões formuladas muito tempo antes, como no caso do Paradoxo de Olbers.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

HISTÓRIA DA ASTRONOMIA - a descoberta da Radiação Cósmica de Fundo - 3

Mil desculpas por tão prolongada ausência!

Retomo hoje a História da descoberta da RCF no ponto em que a deixei.
Depois de tanto esforço na limpeza e minimização do ruído do telescópio, havia ainda um ruidozinho incessante, que emitia ondas de rádio em todas as direcções, e Penzias e Wilson não sabiam de onde vinha. Não sabiam que este viria a ser a prova mais convincente da existência do Big Bang, pois era o eco da expansão do universo primordial, um fóssil do maior e mais colossal acontecimento que é possível imaginar.

Explicação física:
Os cientistas Gamow, Alpher e Herman, em 1948, tinham previsto que o Universo sofresse uma transição 300 mil anos após o Big Bang, quando a sua temperatura caísse para 3000ºC, que é baixa o suficiente para os electrões se ligarem aos núcleos e formar átomos estáveis (fenómeno da recombinação). Neste ponto, deixa de ser possível a interacção entre o mar de luz e electrões/núcleos, visto que estes se combinaram e formaram átomos estáveis. Isto quer dizer que a luz passou a poder atravessar livremente o Universo.
A previsão dos 3 cientistas que referi em cima apontava para que o comprimento de onda dessa luz acompanhasse a distensão do próprio espaço, passando de um milésimo de milímetro para um milímetro, segundo a teoria de que o espaço se terá expandido de um factor de mil desde o Big Bang. Este comprimento de onda de 1mm situa-se na região de ondas rádio do espectro electromagnético.

O eco do Big Bang são estas ondas de rádio, razão por que são conhecidas de Radiação de Fundo de Microondas (RFM).

Só quando, cerca de 1964, e sem saber que em 1948 a mesma previsão tinha sido feita, os cosmólogos Robert Dicke e James Peebles publicaram um artigo em que faziam a previsão de um sinal de rádio com comprimento de onda a rondar 1mm, como um "resto" do Big Bang, Penzias e Wilson perceberam o que era o seu ruído incessante e enervante, e atingiram o verdadeiro alcance da sua descoberta, que viria a culminar na atribuição de um Prémio Nobel da Física em 1978.

Descobriram a RFM com sorte? Sim.
Mas precisaram de tenacidade e empenho, para saber o que era o ruído estranho que detectaram, pois há fortes indícios que outros se tenham apercebido desse ruído, mas ignoraram-no, julgando tratar-se de ruído do seu equipamento...

Os 3 cientistas que primeiro postularam a existência de RFM tentaram sempre chamar a si os créditos da descoberta, sem nunca o conseguir. Numa conferência realizada no Texas, quando foi perguntado a Gamow se aquela descoberta era a mesma que ele tinha feito, subiu ao pódio e disse:
"Bem, aqui há tempos perdi, algures por aqui, uma moeda, e agora foi encontrada uma moeda mais ou menos onde eu a perdi. Bem sei que todas as moedas são parecidas, mas sim, penso que é a minha."