quarta-feira, 14 de março de 2012

ERUPÇÕES SOLARES - 3

No seguimento dos 2 últimos posts, concluo hoje este tema.

Tinha mostrado fotos das Auroras Boreal e Austral vistas do Espaço, ficam aqui hoje imagens vistas da Terra. São igualmente deslumbrantes. Estes fenómenos são visíveis nas zonas polares porque, como já tinha referido, é onde o campo magnético da Terra é mais débil. Para se ter uma visão destas nos céus de Portugal é preciso um evento no Sol com muito maior intensidade que o normal.


Ainda há poucos dias a Terra foi atingida pelas partículas emitidas numa explosão solar, e as auroras foram vistas na Ásia Central, a latitudes mais elevadas que aquela a que nós estamos:
  • Espinho: ~aprox. 41ºN
  • Lisboa: 38º 4'N
  • Rio de Janeiro: 22º 55'S

E por que motivo as tempestades solares afetam tanto as comunicações?
Bem, basta pensar que qualquer forma de radiação eletromagnética pode provocar interferências. Há sempre um sinal "interferente" e um sinal "interferido". Mas pensemos apenas no caso mais claro: o GPS e o uso de satélites de comunicações.

Em traços muito gerais, o GPS (Global Positioning System) é uma rede de satélites que opera a média e baixa altitude (MEO: Medium Earth Orbit; LEO: Low Earth Orbit). Este tipo de satélites usa órbitas polares ou quase polares, ou seja, orbitam a Terra passando por zonas próximas dos polos para permitir uma cobertura global do planeta. Ora, sendo estas zonas as mais afetadas pelos efeitos das erupções solares, será previsível um aumento do risco de interferências.

Mesmo os satélites de comunicações, com órbitas geoestacionárias (GEO: Geostationary Earth Orbit), apesar de situados quase exclusivamente sobre o Equador (0º latitude) ou próximo, acabam por poder sofrer com as erupções solares. O facto de estes satélites se situarem a aproximadamente 36 000 km de altitude, já fora da exosfera, no chamado "espaço exterior", e as auroras ocorrerem a cerca de 100 km de altitude, na linha de Karman, é ilustrativo da debilidade (ausência?) da proteção que a camada atmosférica e a magnetosfera podem oferecer a estes satélites.

Espero ter contribuído para ajudar a esclarecer um pouco dos fenómenos físicos associados às erupções solares.

2 comentários:

Tiago Rebelo disse...

Mais um excelente texto da tua autoria que vem mesmo de encontro com a minha dúvida anterior. Estás desculpado... Embora não deseje que tenhamos um impacto solar dessas dimensões um dia gostava de ver uma aurora boreal ao vivo, pode ser que nessa altura tenhamos satélites mais evoluídos e não tenhamos prejuízos a nível humanos que acarreta um satélite ir-se abaixo.

Carlos Capela disse...

Se há coisa que não hei de morrer sem fazer, é ver uma aurora ao vivo... deve ser daqueles espetáculos que nos faz sentir tão deslumbrados quanto pequeninos...