sexta-feira, 22 de março de 2013

METEORITO vs. ASTEROIDE - Onde estão os asteroides?

A maioria dos asteroides conhecidos estão situados no Cinturão de Asteroides, localizado entre as órbitas de Marte e de Júpiter. Este cinturão é, também, conhecido, por cinturão principal, por oposição, por exemplo, ao Cinturão de Kuiper, que alberga vários corpos menores em órbitas transneptunianas.

Existem outros grupos notáveis de asteroides, como por exemplo os Hildas e os Troianos.
Os Troianos têm a particularidade de serem coorbitais com Júpiter. Partilham exatamente a mesma órbita de Júpiter e aí são mantidos por forças gravitacionais. Estão divididos em 2 grupos que, apesar de partilharem a mesma órbita e passarem regularmente "pela mesma zona do Espaço" uns dos outros, nunca se tocam. Como a figura ilustra, um dos grupos é denominado de "Troianos" e outro de "Gregos", numa evidente alusão à Guerra de Troia.
Só a conheço superficialmente (como a maioria das pessoas, presumo...), mas não é preciso um conhecimento profundo para se saber que gregos e troianos não eram muito amigos...

O material de todos os pequenos corpos do cinturão principal tem uma massa não superior a 4% da massa da Lua.
Mas por que razão são tantos fragmentos e por que motivo estão ali?
Supõe-se que sejam restos de um protoplaneta que estaria em formação por altura da formação do Sistema Solar, que acabou por não ter força suficiente para resistir às perturbações gravitacionais de Júpiter, o maior dos planetas gigantes do Sistema Solar, que provocou acelerações, excentricidades e inclinações nada usuais nestes planetesimais, que acabaram assim por, ao invés de se agregarem e formarem um planeta, por se fragmentarem ainda mais.
Uma das consequências dessas perturbações é a existência de zonas que não admitem a presença de qualquer asteroide, chamadas lacunas de Kirkwood (representadas à esquerda, segundo um gráfico que retirei da net, que relaciona o número de asteroides no eixo dos yy com a distância ao Sol medidas em UA - Unidades Astronómicas - no eixo dos xx). Um asteroide que tenha "o azar" de entrar nestas lacunas, sofreria imediatas consequências. Ou seria expulso para fora do Sistema Solar, ou seria remetido para a zona ocupada pelos planetas interiores, onde se inclui obviamente a Terra. Prevê-se (as certezas são difíceis de obter em alguns assuntos...) que cerca de 99% do material inicial tenha já sido expulso desta zona, desde a sua formação.

Daqui, podem retirar-se dois dados importantes.
Primeiro, que esta pode ser uma explicação para os "bombardeamentos" por asteroides de que por vezes somos alvo, e para os voos rasantes que eles fazem sobre nós.
Segundo, que muitas vezes estes são acontecimentos imprevisíveis. É isso que leva os cientistas a seguir um número crescente de asteroides, tentando prever as suas órbitas e possíveis impactos com a Terra.

domingo, 17 de março de 2013

METEORITO vs. ASTEROIDE - O que é um asteroide?

Já falámos um pouco sobre meteoritos. Agora chega a vez de passarmos aos asteroides.
O que é, na prática, um asteroide?

Aquando da formação do Sistema Solar, os protoplanetas foram-se formando por agregação de matéria, pequenos corpos que se foram fundindo por ação da gravidade, e que formaram os planetas. Mas nem todos os corpos entretanto formados deram origem a planetas, por não conseguirem atingir suficiente dimensão para tal. É o caso dos asteroides. Por essa razão, foram também chamados de planetoides.

E esse nome faz completo sentido. Também os asteroides têm satélites naturais, tal como a Terra tem a Lua. 
Na imagem que coloco ao lado, tirada em 1993 pela Galileo, podemos ver Ida, um asteroide, com o seu satélite natural Dactyl.
Dactyl foi o primeiro satélite natural de um asteroide a ser descoberto.
Esta foto foi tirada com câmaras de infravermelhos e posteriormente tratada, para que possamos ver uma imagem na região do espetro visível. Se assim não fosse, dificilmente veríamos as "sombras" que vemos na sua superfície. Aliás, muitas das imagens espetaculares que vemos do Universo levam este tratamento...

Existem 3 tipos de asteroides, cuja classificação varia conforme a sua composição:
  • Tipo-C (ricos em Carbono)
  • Tipo-S (principalmente rochosos - "Stony", em inglês)
  • Tipo-M (principalmente Metálicos)
A segunda imagem à direita, a contar de cima para baixo, compara as dimensões da Lua (à direita de tudo), Vesta (o asteroide mais brilhante, o 2º mais massivo e o 3º em volume) e Ceres (o maior asteroide, com aproximadamente 950 km de diâmetro, também chamado de planeta-anão, composto de rocha e gelo). Como podemos ver, não sendo de dimensões extraordinárias, um impacto de um corpo destes com a Terra teria efeitos cataclísmicos.
Num dos próximos posts tratarei com mais detalhe deste assunto.

Contudo, nem todos os asteroides são "tão grandes". A maioria é bem mais pequena, como a imagem à esquerda demonstra.
Podemos comparar Vesta com outros asteroides:
a. Lutetia
b. Mathilde
c. Ida (e Dactyl), que já vimos em cima
d. Eros
e. Gaspra
f. Steins
g. Itokawa

Como curiosidade, refiro que Itokawa, o menor dos asteroides aqui listados, é do tipo-S, e é um elipsoide com 630 m (+-30 m) de comprimento por 250 m (+- 30 m) de largura.

Continuarei no próximo post a abordar os asteroides, nomeadamente a sua localização no Sistema Solar e as suas órbitas.

sexta-feira, 8 de março de 2013

METEORITO vs. ASTEROIDE - "Chuvas de Estrelas"

Realço as áspas que estão no título.

As Estrelas não caem, muito menos chovem. A tendência das pessoas é que é simplesmente designar de "Estrela" tudo o que brilha no Céu. Já em outras ocasiões referi isso.
Quando alguém pouco familiarizado com o Espaço olha para Júpiter ou Vénus, frequentemente se referem a eles como "Estrelas". Porquê? Porque brilham.
Por isso, não é de admirar que ao verem um meteoro se refiram a ele como uma "Estrela cadente". Porquê? Porque brilha.
E quando são muitos meteoros? É uma chuva de estrelas! Porquê? Pois, porque brilham...

E o que são essas "chuvas"?
Vamos pensar tridimensionalmente. A Terra não é plana e o Universo não gira em torno de nós (Ptolomeu ficaria muito desapontado agora). Somos, ao invés, apenas um dos muitos milhares de milhões de Planetas que existem nos muitos milhares de milhões de Galáxias do Universo. Tudo está em movimento.
Logo, de vez em quando, a nossa trajetória cruza-se com a trajetória de outros corpos celestes. Às vezes colidimos com eles (ou eles connosco, como o meteorito da Rússia, em fevereiro de 2013, para ser mais exato...) e outras vezes passamos a rasar (o asteroide de fevereiro de 2013...).

Ora, no Espaço, muitas coisas tendem a ser previsíveis e cíclicas (com os devidos acontecimentos esporádicos). A nossa órbita em torno do Sol é cíclica, e isso implica que cruzemos regularmente a "mesma zona" do Espaço. E um corpo celeste pode ter uma trajetória (cíclica ou não) concorrente com a da Terra, ou seja, "tocarem-se" num ponto. O que se toca são as trajetórias (ou órbitas, ou caminhos), não os corpos em si.
Se um desses corpos deixar "rasto", quem vem atrás leva com ele. Se, num cruzamento de areia e poeira, um carro passar e levantar poeira, outro carro que chegue a esse cruzamento vindo de outra estrada vai sofrer consequências e o seu dono vai ter de o mandar lavar...

No Espaço é igual.
Pensemos num Cometa.
Não vou descrever ao detalhe a composição de um Cometa (bom tema para um post), mas o que quero realçar é que ele tem uma cauda, que fica muito tempo depois de o corpo principal passar. Como numa estrada arenosa, a sua passagem vai deixar muita poeira no ar.
A Terra, se eventualmente cruzar o caminho já percorrido por esse cometa, vai levar com a "poeira" que fica após a sua passagem. Esta "poeira" são meteoroides, que podem ou não transformar-se em meteoros, consoante entrem na atmosfera terrestre ou não.

Como é fácil de prever, quando acontece algo deste tipo, é suposto a taxa de meteoros ser muito mais elevada que o normal, o que acontece em alturas específicas do ano, em zonas específicas do Espaço. Aqui temos as "chuvas de Estrelas"...
É por isso que as Leónidas, em meados de novembro, existem. Ou as Perseidas, em meados de agosto. Só para citar 2 exemplos.
As Leónidas são as "poeiras" do Cometa Tempel-Tuttle, que tem uma órbita com um ciclo de 33 anos.
As Perseidas são as "poeiras" do Cometa Swift-Tuttle, cujo ciclo é de 133 anos.


Uma última nota, acerca dos nomes dessas chuvas. Estes são atribuídos conforme o radiante. Ou seja, da zona do Céu de onde, aos nossos olhos, parecem vir os meteoros.
A nomenclatura das constelações é feita dividindo a "esfera celeste" em áreas (vamos pensar agora em 2D, porque já havia constelações antes de sabermos que o Espaço é muuuuito profundo).
Quando os meteoros vêm da área onde está a constelação de Leão, temos as Leónidas. Quando vem de Perseu, temos as Perseidas. E por aí fora... falei apenas dos 2 exemplos que dei.

quinta-feira, 7 de março de 2013

METEORITO vs. ASTEROIDE - Imagens do meteoro

De seguida publico algumas imagens do meteorito, em fase... meteoro.
Se bem se lembram do meu último post, aquando da sua entrada na atmosfera terrestre, liberta um clarão. É precisamente isso que este vídeo (retirado do youtube) permite ver.

Deixo também algumas fotos do evento.




Esta imagem mostra o rasto que o meteoro deixou na atmosfera.


segunda-feira, 4 de março de 2013

METEORITO vs. ASTEROIDE - O que é um meteorito?

Na sequência que tenho escrito, o meu post de hoje tenta dar uma luz sobre a definição de meteorito.
A visão pouco romântica diz que é uma pedra. Isso, para mim, é uma visão muito redutora.

Um meteorito é de origem mineral e pode ter origem na própria formação dos Planetas e das suas Luas, em asteroides, ou podem ser detritos deixados por cometas. Assim, quando a Terra cruza esses "rastos" deixados por esses cometas à sua passagem, vemos "chuvas de Estrelas" (motivo para um próximo post).

Existem 3 tipos de meteorito: rochosos, ferrosos e uma mistura de ambos.

Em cima vemos imagens de 3 meteoritos que caíram na Terra.
A imagem da direita corresponde ao maior meteorito que alguma vez foi recuperado em território americano.

Se compararmos com a pequena imagem ao cimo de tudo neste post, vemos como podem assumir diversas formas e estruturas, e com isso diferentes graus de destruição, riscos de segurança e possibilidades de estudo sobre matéria extraterrestre.
A propósito desse assunto, uma análise microscópica ao ALH84001, um meteorito que caiu na Antártida em 1984, revela fosseis de forma de vida bacteriana, como a imagem documenta.

É importante que se retenha que a probabilidade de vida extraterrestre é extremamente elevada sob a forma de vida bacteriana e microscópica, e não sob a forma de homúnculos verdes ou cinzentos, conforme o gosto do especulador do momento...

Há ainda outra coisa a reter, e tem a ver com a terminologia utilizada.
Meteoro e meteorito não são bem a mesma coisa, e existe ainda o termo "meteoroide", menos popular mas não menos importante por isso.
Um "meteoroide" é um fragmento de rocha com diâmetro (não são esféricos, mas vamos considerar que sim, ok?) e que orbita o Sol.
Quando esse meteoroide entra na atmosfera terrestre, a sua fricção com as partículas de ar vai aquecer a superfície do meteoroide e vai derreter. Solta-se uma chama que brilha intensamente. O brilho e o meteoroide, em conjunto, formam o "meteoro", popularmente chamado de "estrela cadente".
Sobreviver à passagem pela atmosfera é uma tarefa exigente, que a esmagadora maioria dos meteoros não consegue. E nenhum sai ileso, porque inevitavelmente vão diminuir e perder massa, mas aos que conseguem e atingem a superfície terrestre é-lhes dado o nome de "meteorito".
Este quadro ajuda a perceber a ideia:
Velhice é um posto.
Devemos respeito a estes corpos celestes, não só porque nos podem dar cabo da vida, como pelo conhecimento que nos podem permitir ter do Espaço, das formas de vida que podem albergar e de todo um conjunto de questões relevantes para a Ciência e para a Astronomia e para a Cosmologia em particular. Mas também os devemos respeitar porque a maioria destes corpos datam de há 4,5 ou 4,6 mil milhões de anos, a idade estimada para a própria Terra.