sexta-feira, 8 de março de 2013

METEORITO vs. ASTEROIDE - "Chuvas de Estrelas"

Realço as áspas que estão no título.

As Estrelas não caem, muito menos chovem. A tendência das pessoas é que é simplesmente designar de "Estrela" tudo o que brilha no Céu. Já em outras ocasiões referi isso.
Quando alguém pouco familiarizado com o Espaço olha para Júpiter ou Vénus, frequentemente se referem a eles como "Estrelas". Porquê? Porque brilham.
Por isso, não é de admirar que ao verem um meteoro se refiram a ele como uma "Estrela cadente". Porquê? Porque brilha.
E quando são muitos meteoros? É uma chuva de estrelas! Porquê? Pois, porque brilham...

E o que são essas "chuvas"?
Vamos pensar tridimensionalmente. A Terra não é plana e o Universo não gira em torno de nós (Ptolomeu ficaria muito desapontado agora). Somos, ao invés, apenas um dos muitos milhares de milhões de Planetas que existem nos muitos milhares de milhões de Galáxias do Universo. Tudo está em movimento.
Logo, de vez em quando, a nossa trajetória cruza-se com a trajetória de outros corpos celestes. Às vezes colidimos com eles (ou eles connosco, como o meteorito da Rússia, em fevereiro de 2013, para ser mais exato...) e outras vezes passamos a rasar (o asteroide de fevereiro de 2013...).

Ora, no Espaço, muitas coisas tendem a ser previsíveis e cíclicas (com os devidos acontecimentos esporádicos). A nossa órbita em torno do Sol é cíclica, e isso implica que cruzemos regularmente a "mesma zona" do Espaço. E um corpo celeste pode ter uma trajetória (cíclica ou não) concorrente com a da Terra, ou seja, "tocarem-se" num ponto. O que se toca são as trajetórias (ou órbitas, ou caminhos), não os corpos em si.
Se um desses corpos deixar "rasto", quem vem atrás leva com ele. Se, num cruzamento de areia e poeira, um carro passar e levantar poeira, outro carro que chegue a esse cruzamento vindo de outra estrada vai sofrer consequências e o seu dono vai ter de o mandar lavar...

No Espaço é igual.
Pensemos num Cometa.
Não vou descrever ao detalhe a composição de um Cometa (bom tema para um post), mas o que quero realçar é que ele tem uma cauda, que fica muito tempo depois de o corpo principal passar. Como numa estrada arenosa, a sua passagem vai deixar muita poeira no ar.
A Terra, se eventualmente cruzar o caminho já percorrido por esse cometa, vai levar com a "poeira" que fica após a sua passagem. Esta "poeira" são meteoroides, que podem ou não transformar-se em meteoros, consoante entrem na atmosfera terrestre ou não.

Como é fácil de prever, quando acontece algo deste tipo, é suposto a taxa de meteoros ser muito mais elevada que o normal, o que acontece em alturas específicas do ano, em zonas específicas do Espaço. Aqui temos as "chuvas de Estrelas"...
É por isso que as Leónidas, em meados de novembro, existem. Ou as Perseidas, em meados de agosto. Só para citar 2 exemplos.
As Leónidas são as "poeiras" do Cometa Tempel-Tuttle, que tem uma órbita com um ciclo de 33 anos.
As Perseidas são as "poeiras" do Cometa Swift-Tuttle, cujo ciclo é de 133 anos.


Uma última nota, acerca dos nomes dessas chuvas. Estes são atribuídos conforme o radiante. Ou seja, da zona do Céu de onde, aos nossos olhos, parecem vir os meteoros.
A nomenclatura das constelações é feita dividindo a "esfera celeste" em áreas (vamos pensar agora em 2D, porque já havia constelações antes de sabermos que o Espaço é muuuuito profundo).
Quando os meteoros vêm da área onde está a constelação de Leão, temos as Leónidas. Quando vem de Perseu, temos as Perseidas. E por aí fora... falei apenas dos 2 exemplos que dei.

2 comentários:

Eh Nenhuma! disse...

Gostei muito desta matéria. Como sempre, vc se supera.
É sempre um grande prazer receber seus emails que vêm recheados de muita informação. Continue nos presenteando com textos tão bons quanto este.

Carlos Capela disse...

Muito obrigado, mesmo.
Elogios assim são a maior motivação para continuar a empenhar-me neste blogue.