quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O PONTO AZUL CLARO

Acredito que pouca gente tenha lido uma das obras primas de Carl Sagan, "Pale Blue Dot" ("O Ponto Azul Claro"). Acredito que menos pessoas ainda saibam qual foi a imagem que deu origem ao livro e, consequentemente, à forma como muitos dos que o leram passaram a encarar o nosso Planeta Terra.
A imagem, tirada pela Voyager 1, é esta.


























É curioso que uma imagem como esta, que tem tanto de poético e romântico, tenha sido tirada no Dia de S. Valentim. Há 25 anos, em 1990, a Voyager 1, então nas imediações de Neptuno, virou-se para trás e tirou uma foto à Terra. Não somos, todos nós, mais do que aquilo: um pequeno ponto azul claro.

Esta foto não estava nos planos originais da Voyager. Mas um dos responsáveis por esta missão, o incontornável Carl Sagan, insistiu para que a Voyager fizesse esta manobra e tirasse um retrato de família ao Sistema Solar.
A refração da luz que vemos na imagem é apenas um efeito da própria câmara, mas vamos fazer contas. Quando esta imagem foi captada, a Voyager estava a 40 Unidades Astronómicas (UA) da Terra. Cada UA são 150 milhões de km (a distância do Sol à Terra). Isto significa que a Voyager 1 estava a SEIS MIL MILHÕES DE KM de nós! Por um lado, isso mostra-nos que mesmo de tão longe é possível sermos vistos. Mas por outro lado, mostra-nos muito bem quão pequenos somos...

Hoje, a Voyager 1 está a 130 UA da Terra, no espaço entre as Estrelas, e ainda comunica connosco. Se tirasse uma foto como esta agora, a Terra apareceria 10 vezes mais pálida.