sexta-feira, 15 de abril de 2016

EXOMARS - A importância do metano

No seguimento de dois dos últimos posts (ExoMars - Liftoff e ExoMars - Factsheet), deixo mais alguns factos relevantes relacionados com a ExoMars.

Por que motivo é o metano importante?
Na Terra, a maioria do metano é produzido na sequência do metabolismo microbial de organismos unicelulares conhecidos como metanogéneos, da antiga família Archaea, distinta das bactérias e dos eucariotas. Um exemplo ocorre no estômago dos ruminantes, em que a celulose da erva é decomposta com o auxílio dos metanogéneos.
Ora, crê-se que os metanogéneos evoluíram na Terra há biliões de anos, antes ainda do oxigénio povoar a nossa atmosfera. Uma vez que Marte nunca teve uma atmosfera oxigenada, metano na sua atmosfera poderia indicar a existência de uma forma de vida similar à Archaea, quando Marte passou por uma fase de evolução em que era mais quente e mais húmido.
No entanto, o metano também é libertado na Terra pela ocorrência natural de reservatórios de gás de hidrocarbonetos, em que as atividades vulcânica e hidrotermal são contribuições.
A distinção entre estes processos em Marte é uma prioridade para o TGO. 

Mais detalhadamente, o metano em Marte é destruído pela luz ultravioleta do Sol e espera-se que tenha um ciclo de vida de cerca de 400 anos. O seu espalhamento na atmosfera deverá, igualmente, conduzir a uma distribuição uniforme.
Contudo, observações feitas pela Mars Express e por laboratórios terrestres apontam para variações sazonais da abundância de metano, em que as respetivas concentrações variam com o local e o tempo.
Isto implica que deverá haver fontes ativas de metano e, ao mesmo tempo, um qualquer processo que o remova rapidamente da atmosfera marciana, para que se possam explicar as variações observadas.
Compreender estes processos é um dos objetivos do TGO.

Quais são as possíveis fontes de metano e por onde desaparece o metano em Marte?
Consideram-se duas possíveis fontes primordiais para o metano em Marte: biológicas e geológicas.
Micróbios sob a superfície podem estar a gerar metano diretamente, o que significaria que existe vida atualmente no Planeta Vermelho. Mas o metano também pode ter sido produzido há milhões de anos e ter ficado preso em estruturas semelhantes a gelo, estando só agora a ser libertado.
O metano pode, também, ser produzido por reações não-biológicas entre água e um mineral chamado "olivina", num processo batizado de "serpentinização". Em Marte, este processo pode ocorrer sob a superfície, possivelmente numa combinação com um ambiente vulcânico, mais quente.

O metano é decomposto com o tempo por radiação ultravioleta, oxidando-o através de reações químicas em dióxido de carbono, o composto principal da atmosfera marciana. A juntar a este facto, os ventos em Marte podem ser os responsáveis pela distribuição do metano desde a sua fonte original, o que provocaria a redução de concentrações mais localizadas.

Fonte principal de informação: www.esa.int

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